O estrago dos gols contra de Lula

O salto alto e a "incontinência verbal" atropelam a campanha de Lula

Presidente Lula - Foto Guilherme Santos/PT

Na disputa política, às vezes é hora de parar, refletir e repensar o jogo. Ninguém ganha nada de véspera. Pelo contrário. O salto alto pode ser o primeiro passo para um tombo. O ex-presidente Lula, hoje a opção mais visível do campo democrático ao autoritário Jair Bolsonaro, se seguir se achando o rei da cocada e falando seguidas bobagens, além de se inviabilizar, pode virar um estorvo a alguma outra alternativa.

Os alertas soam de todos os lados. No domingo (1), o escritor e compositor Paulo Coelho, amigão de José Dirceu, e lulista de carteirinha, postou no twitter que se “Lula continuar com a incontinência verbal” pode ajudar a reeleição de Bolsonaro. Isso gerou um fervor nas redes sociais.

Mas em que Lula tem errado?  Repete, por exemplo, chistes e piadas velhas que se tornam munição para adversários e desagradam até seus devotos, mesmo que, em alguns casos, tenha razão em achar tudo “chato pra cacete”. Mas também faz devaneios além da conta, como ao dizer à revista Time que, se estivesse no Palácio do Planalto, poderia costurar um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Teria ligado para Joe Biden, Putin, “para a Alemanha” e Emmanuel Macron para resolver o conflito de forma democrática. Cascata, né.

Vladimir Putin e Vladimir Zelensky – Foto Reprodução EuroNews

Delírio à parte, Lula dividiu a responsabilidade da agressão russa igualmente entre Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymiyr Zelensky, embarcando na falsa narrativa de que ele, por ser ator profissional, estaria encenando um “espetáculo” com a chacina de seus compatriotas. Pisou feio na bola. Por qualquer critério ético e democrático, ao tentar iqualar situações tão  diferentes, atropelou todos os limites.

Lula e quem faz sua cabeça precisam entender o seguinte: a maioria do eleitorado não quer e tem medo de um segundo governo Bolsonaro, com fundadas razões. Mesmo com os tropeços até aqui de outras alternativas, isso não significa passe livre pra Lula.

Jair Bolsonaro – Foto Orlando Brito

Por mais que petistas e lulistas condenem o voto nulo que, no segundo turno da eleição presidencial em 2018, ajudou a eleição de Bolsonaro, não dá para tentar reverter o jogo sem encarar suas causas. Parecem não terem aprendido que podem estar com a vitória na mão desde que ela seja conquistada, não imposta.

Lula e o PT precisam entender que, depois de uma origem bonita com a bandeira da ética, se chafurdaram com a bandidagem política, e deu no que deu. Não foram vítimas, pagaram o preço de seu pecados. Basta dizerem aos democratas que ainda estão com um pé atrás que, em uma nova gestão, farão diferentes. Nem todos têm a cultura do voto útil, de votarem no menos pior.

Simples assim.

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