No reino da pandemia

Parece que estamos chegando ao início do fim da pandemia. Antes dela quase liquidar com o mundo e esta civilização que Deus meditou bastante antes de criar, e algumas vezes se arrependeu, mas iniciada, não podia retroceder. O bom Deus se aborrecia especialmente quando os humanos, habitantes da civilização, entravam em guerra, matando-se mutuamente. Mas então já o mundo estava evoluindo. E começaram a surgir personagens como Jesus, Da Vinci, Michelangelo, Albert Schweitzer, Shakespeare, Gandhi, Camões, São Francisco, Galileu, Osvaldo Cruz e outros milhares de gênios que engrandeceram a humanidade. Só então o Criador, mais satisfeito com sua obra, pôde repousar, depois de algumas dezenas de anos. Descanso depois de sete dias da criação é uma balela histórica inventada pela Bíblia.

O Criador e seus milhões de rebentos, de cores e modelos variados, desenvolveram-se.  E venceram com extraordinário esforço e sacrifício, diversas doenças fatais que liquidaram milhões de homens e mulheres. – peste bubônica, febre amarela, gripe espanhola, câncer, varíola e tantas outras. Este ano surgiu o coronavírus, quiçá o pior vírus aparecido no mundo. Nenhum matou mais do que ele. A ignorância, uma das graves preocupações da humanidade, também causou enormes estragos. Na época, a população brasileira resistiu radicalmente à vacinação contra a febre amarela e a varíola. Morreram milhares. Hoje milhões de compatriotas preferem tomar cerveja em vez de usarem máscaras protetoras e obedecerem ao isolamento social. Simples, e pouparia vidas. A epidemia da ignorância matou e fez muitos estragos entre nós.

Donald Trump: mais campanha e menos pandemia

Tem havido um trabalho extraordinário em dedicação e competência dos cientistas, médicos (as) e enfermeiros (as), muitos (as) perdendo a vida em confronto com a doença. Laboratórios de várias nacionalidades estão com a vacina pronta. Organiza-se a estratégia de distribuição e o retorno lento e gradativo à normalidade mundial. Há problemas a resolver, e divergências entre governantes. Donald Trump dedicou-se mais à reeleição do que ao combate à pandemia. Perdeu as duas. Com isso os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar mundial nas mortes e em número de atacados pelo vírus. As sugestões do presidente brasileiro, por outro lado, não foram consideradas. Para ele, não se tratava de epidemia, mas de uma gripezinha, que poderia ser tratada com doses de cloroquina, xarope azedo produzido no interior da Bélgica e rejeitado pelos cientistas. E Bolsonaro ainda avisou que não compraria a vacina chinesa, porque era coisa de comunista.

Agora esse fantástico mundo, orgulho de seu Criador, precisa resolver alguns problemas materiais, financeiros e de logística. Como os países pobres poderão comprar as salvadoras vacinas, algumas caríssimas? Como transportá-las, rápido e com segurança? Só os países ricos ou remediados poderão pagar por elas e seu transporte. E se não sobrar para os países pobres? A ONU então poderia alugar cinco andares de seu edifício-sede, em Nova York, e reverter o valor obtido na aquisição de vacinas para os países sem recursos. Algumas são mais baratas do que outras. Aguardar o próximo Black Friday não é viável. Mas nesse bom mundo de Deus, em certos países, não faltam bilionários filantropos acostumados a fazer doações para combater a pobreza e ajudar na educação e preparo de suas populações. Podem colaborar na vacina também.

Ação da Cruz Vermelha na África contra a Covid

Na África estão muitos dos países pobres. Não pela incapacidade de seus povos, mas pela natureza adversa e porque a maioria dos governantes é de corruptos, ditadores, desumanos na exploração de seus povos. Alguns desses países já se preocupam com alguns detalhes, para arrecadar dinheiro para as vacinas. Se forem vendidos os palácios, as limusines e jatinhos, e os anéis de ouro de seus governantes, vai sobrar dinheiro. Desta forma será possível que alguns milhões de vacinas sejam compradas para os países pobres. Se sobrar, compra comida também.

Vacinação em guerra no Brasil – Foto Pedro Ventura/Agência Brasília

Mas se forem as inglesas da Pfizer, faltarão recursos para a aquisição do gelo seco, único compatível para a conservação de tal vacina. Os ingleses, sempre excêntricos. Outra questão: a conservação do produto requer 70 graus negativos. A temperatura média na África é de 40 graus. Como comprar freezers que funcionem a menos 70 graus? Capaz de explodirem em contato com a temperatura local. Os cientistas e os médicos (as) são um dos grupos que o bom Deus mais admira. Eles, em épocas diversas, enfrentaram várias pandemias. Sempre com o risco de perderem a vida. Na verdade, salvaram várias vezes a humanidade que Deus criou. Outros segmentos, obviamente, também gozam do apreço celestial. Deus é bom, e seu filho, Jesus, foi o exemplo que Ele deixou para a humanidade.

— José Fonseca Filho é Jornalista

Deixe seu comentário