As eleições acabam domingo, mas os problemas econômicos continuam

No domingo à noite, o Brasil deve conhecer os resultados finais das eleições municipais de 2020. Do ponto de vista econômico, pouco ou nada vai mudar. O presidente Jair Bolsonaro sai das eleições com as mesmas dificuldades para aprovar as reformas estruturais que podem reconduzir o Brasil ao crescimento econômico

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes - Foto: Orlando Brito

O resultado das eleições municipais em nada melhora a capacidade do governo de Jair Bolsonaro de aprovar as medidas no Congresso Nacional que possam contribuir com a retomada da economia no curto prazo. São elas: reforma tributária, reforma administrativa e ajuste fiscal. É que mesmo que aprovadas todas as reformas como o governo desejaria, coisa difícil de ocorrer, os seus efeitos serão de longo prazo.

Isso sem falar que a equipe do Ministro da Economia, Paulo Guedes, entre nos dois últimos dois anos de Governo Bolsonaro com menor capital político para aprovar o que deseja no Congresso. Nestes dois primeiros anos, Paulo Guedes deixou a decisão das reformas para o Legislativo como se fossem sugestões do Executivo. Este tipo de atitude dificulta ainda mais a aprovação de medidas necessárias por um Parlamento com fortes interesses corporativistas.

Não bastassem estas dificuldades, o presidente Jair Bolsonaro saiu das urnas norte-americanas como um perdedor. Ainda não se sabe como será sua relação com Joe Biden, mas é certo que precisa agir também com cautela com a China para não perder mercados com os dois países que mais importam do Brasil.

Sem estímulo fiscal ao crescimento

O atual patamar da taxa de câmbio tem contribuído  para dar grandes ganhos ao setor exportador, embora já comece a dar sinais de impactos sobre os preços dos produtos no mercado interno. O certo é que com as atuais taxas de juros tão baixas, o que deve permanecer por algum tempo, para estimular o crescimento da economia a taxa de câmbio deve continuar nos atuais patamares.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central – Foto: Orlando Brito

O real só deverá se valorizar diante de um cenário de aumento das taxas de juros, o que é difícil de ocorrer no curto prazo. Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, só deve voltar a subir os juros se houver ameaça de uma inflação fora de controle. O aumento desmedido dos preços poderia ocorrer com uma retomada mais consistente da economia, com redução do desemprego e aumento do consumo, coisas que estão fora do radar neste processo de recuperação da economia em 2021 – ainda sem solução para a covid-19. Ou seja, um aumento de inflação superior a 2%, o que levaria as taxas de juros no Brasil serem negativas, coisa que não será tolerada pela autoridade monetária.

O atual rombo nas contas públicas tirou das mãos do Executivo a possibilidade de adotar medidas fiscais de estímulo ao crescimento. Se conseguir aprovar reformas que estão no Congresso Nacional em 2021 terá alguma chance de atrair investimentos externos, especialmente nos interessados na compra de empresas estatais, como foi alardeado por Paulo Guedes desde o primeiro ano de governo de Bolsonaro. Isso, no entanto, está muito longe de uma solução para a retomada do crescimento da economia e a garantia de receitas da União suficientes para reequilibrar as contas públicas .

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