Um pouco de leveza – “Girassóis da Rússia”, com Sofia Loren e Marcello Mastroianni

O campo forrado de girassóis na Itália que me fez lembrar do filme de Vittorio de Sica - Foto Orlando Brito

O visual desta foto nos remete ao filme “Os Girassóis da Rússia”, uma comovente história de amor levada para as telas do cinema. O longa-metragem conta o drama de “Giovanna” e “Antonio”, casados na Itália nos final dos anos 1930 e separados pela II Guerra Mundial. Ele embarca com as tropas de Benito Mussolini para uma frente de batalha na Rússia. Ela fica em Nápoles ansiosa por seu retorno. Um lindo romance. Clássico do cinema.

No fim da guerra, sem notícias e mortificada pela saudade, a bela esposa solitária parte à procura do marido desaparecido. Em sua incessante busca, cruza rios e campos forrados por girassóis em flor.

Mas para decepção de milhões de espectadores, quando finalmente Sofia Loren encontra Marcello Mastroianni a vida de ambos não é mais a mesma. As dores da guerra e novos sentimentos mudaram o destino de Antonio e Giovanna.

“Girassóis da Rússia” foi sucesso de bilheteria. É um filme deveras imperdível, inesquecível.

Sofia Loren e Marcello Mastroianni numa cena de “I Girasoli”

Assisti ao filme dirigido por Vittorio de Sica no ano em que chegou ao Brasil, 1971 ou 72. Jovem fotógrafo, não perdia nenhuma obra que fosse referência estética. Por exemplo, “Blow Up”, de Antonioni, o “Sétimo Selo”, de Bergman, “Cidade das Mulheres”, de Fellini, “Era Uma Vez na América”, de Sérgio Leone, entre outros. E referência estética é o que não falta em “Girassóis da Rússia”. Jamais me esqueci da emocionante história nem da bela cena em que a exuberante Sofia Loren percorre, tomada de paixão, aquele oceano de flores amarelas.

Durante uma reportagem na Itália na primavera de 1999, de passagem pelas estradinhas secundárias que levam de Gubbio a Spoletto, me deparei com essa imagem aí, da ciclista solitária no cenário idêntico ao que o diretor de fotografia Giuseppe Rotunno filmou com toda perfeição. Ainda marcava minha memória a força daquela imagem e, obviamente, fiz um clic.

A primeira coisa que fiz quando voltei, foi assistir novamente a “I Girasoli-Girassóis da Rússia”, cujo tema musical, de Henri Mancini, é igualmente inesquecível.

Orlando Brito

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Um dos mais conhecidos e premiados fotógrafos do país, Orlando Brito nasceu em Minas e chegou a Brasília ainda menino, no início de sua construção, em 1956. Fez viagens por mais de 60 países, em coberturas presidenciais, papais e esportivas, como Copas do Mundo e Olimpíadas. Tem seis livros publicados e quatro outros no prelo. Recebeu vários prêmios, entre eles o Press Photo do Museu Van Gogh. de Amsterdã. Onze vezes Prêmio Abril de Fotografia. Bolsa da Fundação Vitae, de São Paulo, em 1991. Várias exposições individuais e obras no acervo de diversos museus do mundo.