História: Praça dos lamentos

Manifestação contra a violência na Esplanada dos Ministérios, em 2006.

Jornalista que cobre os fatos do poder há muitos anos, não deixo de dar atenção a tudo que vejo no gramado em frente ao Congresso Nacional. É, provavelmente, um dos locais que mais acolhe manifestações democráticas em todo o mundo.

O Brasil vive nesses dias a “guerra do impeachment”, com milhares de pessoas indo às ruas manifestar contra ou a favor do afastamento da senhora Dilma Rousseff da Presidência da República. Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios é o local que abriga o maior número dessas manifestações. Para evitar confronto e conflito entre as partes que se opõem, as autoridades instalaram muros de placas de aço que conferiram ares de polêmica à questão.

Representantes de todas as categorias da sociedade sempre usam esse espaço da capital brasileira – também chamado de Praça do Povo – para defender suas causas e protestar contra tudo, como as recentes passeatas da Marcha do Vinagre, que leva até lá um sem número de jovens praticamente todos os dias. Em outros países há também locais preferidos pelos manifestantes para o mesmo fim. Por exemplo, o Hyde Park, em Londres, Washington Square, em Nova Iorque e a Praça da Bastilha, em Paris. Não custa lembrar da Praça Tahrir, no Cairo, berço da onda popular que culminou nesta semana com a deposição do presidente do Egito, Mohamed Morsi.

Em Brasília, é rara a semana em que não haja um protesto de alguma categoria da sociedade, funcionários públicos, índios, sem-terra, fazendeiros e agricultores, estudantes, médicos, procuradores, policiais, desempregados, religiosos e, enfim, vozes contra e a favor do governo, mas todas reivindicando direitos. Sem falar das caravanas organizadas por sindicatos, que chegam a Brasília, oriundas de vários estados do País. Autorizadas ou não pela polícia, as manifestações têm de obedecer às normas estabelecidas pela polícia de não instalação de tapumes, arquibancadas, palanques, tendas ou quaisquer peças que impossibilitem o acesso ou a vista do Parlamento. Evidentemente, essa regra não é nem de longe cumprida.

Mas há também aquelas que, ao contrário de lotar a praça de pessoas, usam o visual para comunicar suas aflições. Como essa aí, organizada por um grupo de humanistas contra a violência. Milhares de cruzes brancas amanheceram fincadas no grande gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente â Câmara e ao Senado.

OrlandoBrito

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