O samba está de luto com a morte de Nelson Sargento

Nelson Sargento, talento da Mangueira - Foto Orlando Brito

No dia 7 de novembro de 2016 o Palácio do Planalto fazia festa para a entrega da Ordem do Mérito Cultural a personalidades da música, artes plásticas, literatura, cinema e teatro do Brasil. Entre os homenageados figurava o compositor Nelson Sargento, um dos nomes sagrados da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, da qual era presidente de honra.

Acometido pela Covid, Nelson Sargento faleceu nessa quinta-feira, no Rio, a um mês de completar 97 anos. Autor de composições de raro bom gosto musical, como Sinfonia Imortal, Agoniza Mas Não Morre, Idioma Esquisito, De Boteco em Boteco, entre tantas. Mesmo com a idade avançada, o mestre jamais deixava de desfilar nos carnavais da Marquês de Sapucaí. Tinha lugar cativo como destaque no carro de bambas da Escola.

Nelson com a Medalha do Mérito Cultural – Foto Orlando Brito

Nelson Mattos morava no Morro da Mangueira desde menino e resolveu agregar “Sargento” ao próprio nome, sua patente no Exército, porque assim era conhecido por todos. Contemporâneo e amigo de mangueirenses históricos — Cartola, Nelson Cavaquinho e Jamelão, por exemplo –, era torcedor fervoroso do Vasco da Gama. Tinha assento garantido também nas arquibancadas dos estádios de São Januário e Maracanã nos jogos do seu clube de coração. Além de sambas notáveis, da admiração e saudade, deixa também 16 filhos, 20 netos e 30 bisnetos.

Nelson, Calero, Temer e a primeira-dama Marcela no Planalto – Foto Orlando Brito
Dona Ivone Lara, uma das homenageadas em Brasília – Foto Orlando Brito

Naquele dia em Brasília, também estavam na lista de agraciados outros nomes de grande destaque da cultura: a cantora Dona Ivone Lara e o coreógrafo Carlinhos de Jesus, estrelas das Escolas de Samba do Rio. E também o cineasta Fernando Meirelles, a artista plástica Beatriz Milhazes, o poeta e escritor Ferreira Gullar, a carnavalesca carioca Rosa Magalhães, o ator Carlos Vereza e Neguinho da Beija-Flor. As medalhas foram entregues pelos então presidente da República, Michel Temer, e ministro da Cultura, Marcelo Calero.

A cerimônia teve início com o Hino Nacional em entonação especial: a voz de Fafá de Belém, acompanhada pelo toque dos tamborins de um conjunto de samba regido pelo maestro Rildo Hora. Figuras importantes, já falecidas — Noel Rosa, Darcy Ribeiro e Clementina de Jesus –, também foram homenageadas.

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