CPI da Pandemia – Danilo Trento, da Precisa Medicamentos, e o depoimento do silêncio

Danilo Trento na CPI - Foto Orlando Brito

Danilo Trento, dono, ou diretor, da Precisa Medicamentos — empresa acusada de transações irregulares na intermediação na compra de vacinas contra a Covid pelo goveno brasileiro — foi mais um depoente que chegou à CPI da Pandemia protegido por um habeas corpus da Justiça para ficar calado ante as perguntas que pudessem incriminá-lo. E não deixou de usar o artifício. Ele é considerado pelos senadores um dos principais personagens de ligação em vários negócios e transações suspeitas envolvendo autoridades federais.

Empresário Danilo Trento e os senadores Humbeto Costa e Renan Calheiros – Foto Orlando Brito

A quase totalidade de suas respostas foi “senhor senador, com o devido respeito, me reservo o direito de permanecer em silêncio”. Não quis dizer sequer o endereço e nem mesmo da razão da existência de sua própria empresa, constante no contrato social. Também não de outros componentes da companhia e suas ligações comerciais com os amigos Francisco Maximiano e Marconny Albernaz, que na semana passada o citou na CPI como parceiro de negócios. E menos ainda de uma viagem que fez a Las Vegas, nos Estados Unidos, em companhia de Flávio Bolsonaro.

Evidentemente, a postura de Danilo Trento provocou a irritação dos seus senadores. A ponto de o presidente da Comissão, Omar Aziz, indagar-lhe ironicamente se ele havia participado do suicídio de Getúlio Vargas. Era uma maneira de obter pelo menos um “não” como padrão para os demais questionamentos.

Após o volumoso conjunto de perguntas sem respostas, o clima esquentou. O relator da Comissão, Renan Calheiros, disse que era esse o “tipo de gente” que Jair Bolsonaro escolheu para cuidar da compra de vacinas para o Brasil. O senador catarinense Jorginho Mello, da bancada governista, saiu em defesa do presidente. Houve altercação, com troca de palavras ásperas e não fosse a intervenção de outros parlamentares e seguranças, agressões teriam ocorrido.

A lembrar que na antevéspera, outro “barraco” aconteceu na CPI. O capitão Wagner Rosário, que é o controlador-geral da República, chamou a senadora Simone Tebet de “descontrolada” e o tempo fechou.

Senadores Leila Barros e Fabiano Contarato – Foto Orlando Brito

O senador capixaba Fabiano Contarato foi dos últimos a dirigir indagações a Trento. Como também não obteve respostas, deu-lhe uma lição de moral. Disse-lhe do mau exemplo que dava aos seus familiares, amigos e  aos demais cidadãos. Lembrou dos 592 mil mortos pela Covid no Brasil até agora, muito em parte em decorrência dos mal feitos dos envolvidos nas transações suspeitas na aquisição de imunizantes.

Por fim, Danilo Trento deixou a CPI com a quebra de seu sigilo das trocas de mensagens, o que apontará inclusive detalhes da tal viagem suspeita a Las Vegas, em companhia de Flávio Bolsonaro. Há indícios de a razão ser abrir cassinos no Brasil. Fato que desagradou aos parlamentares evangélicos, contrários aos jogo de azar, mas apoiadores bolsonaristas.

Trento chegou a ser ameaçado de prisão, a pedido do senador Alessandro Vieira.

Renan Calheiros e o número de mortos pela Covid no Brasil – foto Orlando Brito
Diretor Institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento – Foto Orlando Brito

Diretor Institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento – Foto Orlando Brito

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