Bolsonaro em discurso – “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”

Jair Bolsonaro viajou nessa quinta-feira — dia em que o número de mortos pela Covid no Brasil chegou a 261 mil — para as cidades de São Simão, em Goiás, e Estrela D’Oeste, em São Paulo. Foi inaugurar trecho da Ferrovia Norte-Sul que liga as duas localidades. Lá, fez o discurso abaixo:

Bom dia a todos.

Autoridades já nominadas.

Nosso vice-governador, aniversariante do dia.

Funcionários, trabalhadores da Rumo, meus cumprimentos. Realmente vocês botam a mão na massa e vocês nos orgulham.

Quero cumprimentar aqui o João Campos, que pelo que parece ninguém sente falta do horário de verão. E ele foi um dos responsáveis pelo fim do horário de verão. Então, quero cumprimentá-lo. O Ministério das Minas e Energia, concluiu depois de um ano, que era mais econômico não ter o horário de verão. Além do nosso relógio biológico, não sei alterar. Então, a brilhante ideia que todo o Brasil acolheu. E hoje em dia, ninguém mais reclama daqueles tempos, que tínhamos que adiantar ou atrasar os nossos relógios.

Prezado Rubem Ometto, é uma satisfação estar aqui. Quero comprimentá-lo por acreditar no Brasil. Por outro lado, o senhor tem uma grande parceria também, que é o poder aquisitivo. Que há pouco tempo, criava dificuldade para vender facilidade. Hoje essa equação se inverteu. Temos um time maravilhoso de ministros, de secretários, entre outros servidores, que realmente tudo fazem para que a iniciativa privada, cada vez mais tenha liberdade e possa investir no Brasil. Afinal de contas, o que a iniciativa privada faz é melhor, é mais rápido e é lucrativo. E Rubem, se você está investindo, porque você está acreditando também no nosso governo. Tenho orgulho dizer isso aí.

Não vamos falar em dois anos e dois meses sem corrupção, é obrigação nossa. Mas há pouco tempo, toda semana, tínhamos péssimas notícias sobre esse mal da corrupção em nosso Brasil.

Aqui tem muita gente que produz. Ontem eu almocei com seis embaixadores de países da região do Golfo, Oriente Médio, e lá o do Kuwait, me disse  uma coisa que eu não sabia. Que 80% do que eles importam de produtos do campo, é do Brasil. E vem então de vocês, que deve ter aqui, com toda certeza, mais uma dezena de produtores rurais. Vocês não ficaram em casa, não se acovardaram. Nós temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura  e de mimimi, vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas, respeitar obviamente os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades. Mas onde vai, onde vai parar o Brasil se nós pararmos? A própria bíblia diz, que em 365 citações, ela diz: não temas.

Bolsonaro em São Simão, Goiás – Foto Divulgação/PF

Eu sou católico, acredito em Deus. Respeitamos as religiões, mas se ficarmos em casa o tempo todo e dizer que a economia a gente vê depois, uma parte já estamos vendo agora, o que foi essa política. Qual o futuro do Brasil? O efeito colateral do tratamento errado do covid, que eu venho falando há um ano, é muito mais danoso que o próprio vírus. Sempre disse: vamos cuidar da questão do vírus e do desemprego. São dois problemas que temos que tratar com a mesma responsabilidade, de forma simultânea. Lamentamos qualquer morte no Brasil.

Ontem tive notícia, que sem querer fiz um contato com a minha primeira professora, nos idos de 1964, na cidade de Jundiaí, veio a falecer no dia de ontem com 101 anos de idade. Eu planejava vê-la, apesar de ela estar em uma  situação de saúde bastante complicada a algum tempo, esperava vê-la. Porque marcou a minha vida. E seus familiares se emocionaram quando conversei com ela, com eles por telefone. Mas essa é a nossa vida.

Que imprensa é essa que temos no Brasil que deturpa tudo? Fica com lupa buscando uma frase minha perdida para me atacar imediatamente. Todos nós vamos sofrer se não tomarmos as medidas certas e com coragem. Vamos acreditar no Brasil. Nós somos um País realmente agora sim, que tem um futuro.

O homem do campo, repito, não parou. Tivemos alguma inflação dos produtos da cesta básica, tivemos sim. Como vou negar isso daí? Não vou negar. Mas se vocês tivessem parado, pior do que a inflação, seria o desabastecimento. O Brasil alimenta o seu povo obviamente, em mais de 1 milhão de pessoas ao redor do mundo.

Nessa conversa com o pessoal do Golfo, isso ficou patente. Conversando agora com o empresário, carecemos sim, de agregar valor àquilo que nós produzimos, que possamos fazer isso com segurança, devemos diversificar o nosso mercado. Devemos mostrar para o mundo que acreditamos no nosso País. Se nós não acreditarmos, quem vai acreditar? E esses empresários que estão aqui hoje, que investem em infraestrutura, é uma prova que eles acreditam no Brasil. E nós ficamos muito felizes com isso.

Bolsonaro com Onyx Lorenzoni na viagem a Goiás em Minas Gerais – Foto Divulgação/PR

Quando se fala em vacina, como disse aqui o ministro Fábio Faria, das Comunicações, nunca nos afastamos de buscar vacinas. Mas eu sempre disse uma coisa: ela tem que passar pela Anvisa. A gente está vacinando, seres humanos e a Anvisa, é uma passagem obrigatória. E isso aconteceu tão logo a Anvisa começou a certificar vacinas, nós passamos a comprá-las. Hoje, somos um dos países que em valores absolutos, mais temos gente vacinadas. Só esse mês, vão chegar 20 milhões de doses para nós. No mínimo o mês que vem, no mínimo 40 milhões de doses. Somos responsáveis, estamos fazendo o que é certo. Herdei um País com uma dívida enorme. Não estou reclamando. Agradeço a Deus por essa missão.

Imaginem vocês, se o PT tivesse ganho as eleições? E falar nesse partido do mal, há dois anos vocês não ouvem falar em MST, é por que? Fizemos a nossa parte. Acabei com dinheiro de ONG para eles. Algumas boas ONGs, foram para o espaço, efeito colateral. Acabamos com as de ONG. Não tem mais invasão do MST. Vocês, há dois anos, não acordam mais e tem uma notícia de publicação em Diário Oficial da União, que você perdeu a sua fazenda, porque uma portaria foi assinada pelo Presidente da República, pelo ministro da Justiça, que é o primeiro passo, para demarcar mais uma reserva indígena.

Nada contra os índios,  muito pelo contrário, mas já são 14% do nosso território demarcado como terra indígena. Quanto vale isso aí? Equivale a região sudeste. São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Espírito Santo, não está de bom tamanho? Algumas absurdas como o Yanomami, duas vezes o tamanho do Rio de Janeiro, para 9 mil índios. Isso é feito com responsabilidade? Tudo deturpado. Ao longo dos últimos 30 anos, temos locais aqui que não pode passar uma rodovia, uma ferrovia, porque passa por dentro de uma reserva, que tem apenas 1 índio dentro dela, como em Mato Grosso. Que País é esse? Que irresponsabilidade é essa?

Agora, levo porrada do mundo todo como aquele que não dá bola para a questão ambiental. Temos um excelente ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e eu digo para ele: você só sai do meu governo se você for elogiado pela Globo ou pela Folha. Que imprensa é essa nossa, que transformou-se em um partideco político de esquerda. 10 anos, só o Jornal Estado de São Paulo, tinha 500 mil exemplares. Hoje os 10 maiores jornais, não tem 500 mil exemplares, estão perdendo a credibilidade e eu quero uma imprensa forte. Uma imprensa cada vez mais livre. Nunca ouviram de mim falar em controle social da mídia ou democratização da mesma. Que são palavras bonitas da esquerda, para fazer exatamente o contrário.

Como sonho com uma imprensa que fale a verdade. Existem alguns órgãos? Existem. Mas a imprensa é extremamente importante para nós. O que eles publicam aqui dentro, repercute lá fora. O pessoal acha que nós somos aqui ainda seres pré-históricos. Não enxergam muitas vezes, o nosso desenvolvimento. Quando converso com deputados da bancada ruralista e eles me dizem, que bom seria se a Europa adotasse nosso código florestal, para aplicar em seus países. Só criticas,  não tem uma palavra boa. Será que hoje a noite vai dizer  que eu tava sem máscara de novo? Se eu matar mosca aqui eu tô ferrado.

Bolsonaro no aeroporto de Uberlândia – Foto Divulgação/PR

Meus senhores, minhas senhoras. Mais um trecho dessa ferrovia Norte-Sul, sendo inaugurado. Agradecemos a iniciativa privada, senhor Rubem Ometto, mas 10 anos aproximadamente, estava parado. Faltava 1.500 km, não é Tarcísio? Tarcísio tem a cabeça grande e é boa. Ele fala realmente com propriedade, com conhecimento que me assusta. A previsão é no corrente ano ainda, nós  concluímos, arrumo a concluir, essa obra que vai ligar lá o Maranhão, passa por Tocantins, nosso Goiás e vai lá até o porto de Santos. Uma coisa fantástica.

Esse modal ferroviário foi esquecido por décadas. E nós sofremos muito com isso. Outras realizações virão com a Rumo e outras empresas. O trabalho que o nosso governo faz, em especial via  Tarcísio e outros órgãos, como Advocacia Geral da União, é buscar destravar esses processos. Que alguns ainda estão parados no TCU, dentro do Supremo, na questão ambiental também é muito importante o destravamento. Então, nós trabalhamos para ajudar a iniciativa privada. E ajudando, estamos ajudando vocês.

Temos problemas como o diesel. Não é fácil resolver isso daí. Para eu reduzir, zerar os 35 centavos do litro do diesel por dois meses, eu fui buscar 2 bilhões e pouco, em outro lugar. Eu tenho que arranjar uma fonte de custeio. Eu não posso simplesmente zerar um imposto. Zeramos em definitivo, que o custo é bem menor, do gás de cozinha.

Agora, a carga tributária do Brasil é enorme. O ministro Paulo Guedes quer a reforma Tributária, para buscarmos solução para isso. Ninguém aguenta mais essa escorchante carga tributária do Governo Federal, estaduais e municipais também. Todos nós, não tem santo aqui. Mas o mesmo problema que eu tenho para reduzir impostos, os governadores também têm, prefeitos também têm. E temos que buscar uma alternativa para isso.

Agora, só nessa economia funcionando e não ficando todo mundo, como querem alguns governadores, que fica todo mundo em casa, que a economia a gente vê depois.  É que nós podemos sonhar com dias melhores para todos. Sem dinheiro, sem salário, sem emprego, estamos condenados à miséria, ao fracasso, à morte. Há ações que não nos interessam, como distúrbios, saques, greves generalizadas, se bem que  para quem não está trabalhando, não vai fazer greve. E nós temos que ter coragem para enfrentar os problemas.

Eu apelo aqui, já que foi me castrada a autoridade, para governadores e prefeitos, repense a política do fechar tudo. O povo quer trabalhar. Venham para o meio do povo. Conversem com o povo. Não fiquem me acusando de fazer aglomeração. Aqui tem uma aglomeração.  Em todo lugar tem. Vamos combater um vírus, mas não de forma ignorante, burra, suicida. Como eu gostaria de ter o poder como deveria ser meu, para definir essa política. Para isso, muitos de vocês votaram em mim.

E eu sei, aprendi na minha vida, em especial militar, que temos que tomar decisões. Pior que uma decisão mal tomada, é uma indecisão. Até quando vamos ficar dentro de casa? Até quando vai se fechar tudo? Ninguém aguenta mais isso. Lamentamos as mortes, repito, mas tem que ter uma solução. Tudo tem que ter um responsável. Até dentro de casa, ou você manda um pouco mais ou tua esposa manda um pouco mais e toca o barco. Não pode ficar os dois batendo cabeça e o filho assume o destino daquele lá, não pode ser assim.

Eu fui eleito para comandar o Brasil. E espero que esse poder me seja restabelecido. Porque eu sou um democrata. Criticam decisões que tomam contra mim, eu não reajo. Os três poderes são importantes. Temos aqui gente do Legislativo, costumo dizer também, que o Legislativo, Executivo, reconhece um poder só. Nós trabalhamos juntos. Não tem como a gente fazer isso, sem o poder Legislativo está do nosso lado. Cada vez mais, nós devemos saber os nossos limites.

Bolsonaro na inauguração do trecho da Ferrovia Norte Sul, São Simão/Estrela D’ Oeste – Foto Divulgação/PR

Para eu atravessar lá na Praça dos 3 Poderes, ir ao Legislativo ou ir ao Judiciário, no meio do caminho tem o povo. Povo esse ao qual, eu jurei lealdade absoluta. É esse povo, que tem que conduzir o destino do Brasil.E eu converso com vocês. De vez em quando alguém xinga, sem problema nenhum. Mas a grande maioria, fala-me algo dizendo se estou, dizendo que estou no caminho certo.

Lamento as mortes, repito. Antes que comecem a falar por aí, essa imprensa,  que eu tô ignorando mortes, pensando em economia. Por que vocês não ouvem falar  em vacina, Fábio Farias, em países da África? Ou em alguns países aqui da América do Sul? Porque não tem dinheiro. Não tem economia. Então não tem vacina. Se nós destruímos a nossa economia, podemos esquecer um montão de coisas. Vamos ser algo como países colônia no passado e não queremos isso. Vamos de peito aberto, enfrentar o problema.

Deixar a minha mãe, dona Olinda, com 93 anos de idade, como ela tá sendo bem tratada pelos meus irmãos, essa sim, dentro de casa, com todos os cuidados. Além da idade, tem as suas comorbidades. E assim devem fazer a grande maioria tem que trabalhar. Quando se fala, em essa atividade é essencial, aquela não, atividade essencial, é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa, porra. A Rumo não parou. O homem do campo não parou . Os militares não pararam. O padeiro não parou.

Por que essa frescura de fechar o comércio? Não deu certo no passado. Até a desacreditada OMS, disse que o lockdown não funciona. Parabéns aqui a MP de Goiás, foi MP de Goiás? Ministério Público de Goiás? Que decidiu pelo tratamento precoce. Virou crime falar em tratamento precoce. É direito do médico, não tendo um remédio para aquele mal, ele receitar, se chama off-label, fora da bula. O médico hoje, ele tá se sentindo acuado em receitar isso, porque acaba sendo criminalizado. O que é mais importante, a vacina ou o remédio? Os dois são importantes. Porque não se fala em remédio?

Depois de amanhã, uma delegação nossa, com 10 pessoas, vai para Israel. Vamos assinar um acordo, protocolo de intenções. Vamos se Deus quiser, trazer para cá o tratamento em forma de spray, de um produto que há 10 anos estava sendo trabalhado em Israel, para outro tipo de problema. E acabou numa primeira fase, dando certo para pacientes graves, intubados. O spray nasal, vamos com a parceria de Israel, trazer a terceira fase para cá. Quem é que porventura tem um pai, um tio, um avô, em estado grave e hospitalizados, não vai aceitar o spray no nariz dele por 4,5 dias?  Qual o problema? Nenhum.

Será que eu tenho que falar que isso não presta, para a imprensa dizer que presta? A vida é uma só. Graças a Deus eu tive duas. Até hoje, não foi descoberto o responsável, porque tinha muita gente, ainda tem, que não quer apurar a verdade. Todo mundo procura saber quem era aquela vereadora do Rio de Janeiro, quem matou. Quem tentou me matar não há interesse, apesar de eu ser o chefe do Executivo. Mas tudo bem, não tô preocupado com isso. Minha maior preocupação é conduzir o destino da Nação.

Meus senhores e minhas senhoras, eu agradeço a Deus pela missão de ser Presidente da República, dada pelas mãos de muitos de vocês.  Agradeço de novo pela minha segunda vida. Agradeço pela  minha equipe de ministros.  Agradeço aos empresários que confiam no Brasil. Aos trabalhadores, a todos aqueles que acreditam no seu País, acreditam na sua Pátria e querem fazer realmente um Brasil diferente. Não teremos outra oportunidade. Já estamos atrasados. É agora, é com vocês. É juntos construir um novo Brasil.

 Muito obrigado a todos vocês.

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