Há seis anos morria uma legenda dos povos indígenas do Xingu, o cacique Takumã Kamayurá. Tinha, em 2014, 82 anos. Estava internado no Hospital Universitário de Brasília para recuperar-se de um AVC, acidente vascular cerebral.
Takumã era de importância ímpar, figura humana exemplar e dono de conhecimento profundo sobre a medicina. Tanto “a dos brancos, quanto a do mato”, como sempre dizia quando defendia a união das duas para salvar vidas. Respeitado pajé, assim como seu irmão Sapaim, era requisitado para atender com seus rituais os doentes em agonia.
Era companhia constante dos notáveis irmãos Villas-Boas, sertanistas que entraram para a história ao criarem, por inspiração do sociólogo Darcy Ribeiro, o Parque Indígena do Xingu, em 1961, ainda no curto governo do presidente Jânio Quadros. Em seu lugar, assumiu seu filho Kotoki, que ainda hoje é o capitão dos kamayurá.
Eu mesmo o fotografei em várias ocasiões, como essa da foto, quando ia pessoalmente receber os visitantes que chegavam em pequenos aviões na pista de pouso de sua aldeia, a Ipawu, para participar da cerimônia do kuarup.
Agora em 2020, dias atrás, os índios do Xingu perdiam outro grande líder, o cacique Aritana Yawalapiti, vítima da Covid-19. Com o falecimento do lendário Takumã morria também pedaço da história e cultura de um povo, no caso os Kamayurá.
Orlando Brito