Eu sei que não vai ser fácil governar um país dividido, com um parlamento retrógrado e o Centrão fisiológico. Mas, tenho esperanças de dias melhores. Com Bolsonaro o Brasil desceu ao mais baixo nível da barbárie, da incivilidade e do ódio. Mais do que isso não dá pra piorar, só se ele fosse reeleito.
Como cristã, eu ficava extremamente incomodada não apenas com as mentiras e fake news propagadas pelo gabinete do ódio, mas, principalmente, com o uso do nome de Deus em vão para fins políticos. E ainda, pelo fanatismo e idolatria a esse presidente nefasto. Responsável por milhares de mortes na pandemia, ao promover um remédio sem eficácia e demorar a comprar as vacinas.
Na minha fé, creio que Deus não divide a glória dele com ninguém. Entretanto, as “pessoas de bem” estavam transformando os altares de adoração ao Senhor em palanque político de adoração ao Bolsonaro. Fazendo sinal de armas dentro das igrejas sem qualquer constrangimento, esquecendo que Jesus é o Príncipe da Paz.
Em qualquer país sério uma pessoa nunca seria morta asfixiada dentro de um camburão por policiais que deveriam garantir a sua segurança. Em um país sério, um homem preto com sua família não seria fuzilado com dezenas de tiros por parecer “suspeito”. Uma parte dos brasileiros não se indignou nem um pouco pela gravidade dessas barbáries. Essas pessoas não se indignaram com os apoiadores de seu “mito” atirando em policiais federais e/ou empunhando arma no meio da rua, colocando em risco a vida dos transeuntes para atirar em um homem preto desarmado.
Com Bolsonaro, vimos a naturalização da incivilidade, do racismo, da misoginia, e do ódio ao “diferente”, ódio às minorias.
Agora teremos um governo mais humanista, que procurará valorizar a cultura, a ciência, respeitar os direitos humanos, investir na educação, nas pesquisas tecnológicas. Que terá como prioridade o combate a fome, por reconhecer a existência de pessoas nessa situação. Um presidente que acha indigno, um país rico como o nosso, ter brasileiros tomando sopa de ossos.
Claro que perfeito ninguém é, somente Deus. Lula tem os seus defeitos, assim como o PT, enquanto partido, também tem seus problemas. Mas, é inegável a diferença entre os dois concorrentes.
Vivemos tempos difíceis. A vacinação das crianças no Brasil não atingiu os níveis satisfatórios, graças ao movimento antivacina e anticiência capitaneados pelo próprio presidente da República.
Lula também se apresentou como a alternativa para garantir a harmonia entre os poderes. Durante os quatro anos em que esteve à frente do Executivo, Bolsonaro desrespeitou os outros Poderes da República e flertou com o autoritarismo, o neonazismo, o fascismo, e a ditadura. A esperança venceu o medo.
A palavra de Deus diz que não existe nada encoberto que não venha a ser revelado. Agora os cem anos de sigilo impostos por Bolsonaro aos gastos com cartão corporativo, sua caderneta de vacinação e outras bobagens que deveriam ser públicas, vão acabar. A verdadeira face de Bolsonaro será exposta. Tudo o que ele escondeu virá à tona. A falsa ameaça comunista era apenas um subterfúgio, uma falácia criada para que ele pudesse se manter no poder com sua corja. Mas a democracia venceu, apesar dele. E apesar dele também, podemos ter esperanças de que o Brasil se livrará do retrocesso e da barbárie em 2023.
Finalmente, faço minhas as palavras do Professor de Direito da USP, Rafael Marfei: “O silêncio de Jair é uma grave quebra de protocolo de civilidade democrática, mesmo para políticos extremistas. Kast não deixou de felicitar Boric no Chile. Mas é sintoma de isolamento e fraqueza, não de ameaça. É a prova última de que ele jamais esteve à altura do cargo.”