Assisti ao Papo de segunda no GNT, como de costume. O jornalista Renato Terra foi o convidado do primeiro bloco, estava ali para falar de sua série documental sobre Tim Maia, que começou a ser exibida na Globoplay. Os apresentadores e o diretor da série lembraram a genialidade de Tim e também sua rebeldia.
João Vicente levantou a questão de como pessoas que não se preocupam em fazer as coisas certinhas, e citou o exemplo também de Zeca Pagodinho, acabam cativando o público.
Francisco Bosco comentou que Tim Maia faltava a alguns shows programados não simplesmente por irresponsabilidade ou rebeldia, mas porque ficava de ressaca do dia anterior, já que após o espetáculo ele costumava reunir amigos e público pra beber e se divertir até a manhã seguinte e depois não conseguia cumprir outro compromisso.
Bosco admitiu que gostaria, ele também, de fazer isso em vários momentos de sua vida. Curtir até não aguentar mais, sem se preocupar com o amanhã, só que ele não faz. Ele e praticamente todos nós nos enquadramos e cumprimos religiosamente o papel que nos cabe, sem excessos, nos permitindo no máximo um porre de vez em quando, de preferência quando não tem trabalho no dia seguinte.
Tim Maia e alguns outros transgressores têm nossa admiração porque acabam fazendo o que queríamos, mas não temos coragem.
Pensando nessa história, acabei lembrando de Bolsonaro (perdão, Tim!). Ele, que se diz representante dos conservadores, faz coisas muito reprováveis, mas que, talvez, algumas pessoas quisessem fazer.
Ele fala coisas estúpidas do tipo: “só não te estupro porque você não merece”, “preferia ter um filho morto a ter um filho gay”, “e daí? todo mundo vai morrer mesmo”, “não sou coveiro”, “sou imorrível, imbrochável e incomível”. Além dessas, chamou a primeira-dama da França de feia, falou que o negro de um quilombola pesava mais de sete arrobas e que índio agora está evoluindo e virando ser humano igual a nós. Sem contar os palavrões que derrama sem dó até mesmo em reuniões ministeriais.
O homem que defende as pautas conservadoras age como um transgressor. Não segue regras; fala palavrões; xinga e ofende as pessoas, especialmente as mulheres; ignora decisões judiciais e ri até do que não tem graça nenhuma.
E as pessoas que se dizem conservadoras babam por esse tipo que é um exemplo, principalmente, de desobediência. Desobedeceu as regras do quartel, por isso foi expulso do exército. Insiste em desobedecer decisões judiciais. Desobedece diariamente as normas da civilidade.
Mas há quem goste. Talvez porque, no fundo, queria ser que nem ele.
Eu prefiro invejar o Tim Maia.