Para onde vamos?

É preciso abrir a janela dos olhos, do coração e da razão antes de escolher o destino do nosso país

Jair Bolsonaro durante campanha na Ceilândia em 2018 - Foto Orlando Brito

Na eleição de 2018 escrevi um pequeno texto demonstrando minha preocupação com os rumos do nosso país com o governo Bolsonaro. Francamente, torci pelo sucesso desse governo, ou melhor, desgoverno. Porém, nem de longe, passava pela minha cabeça a decadência moral e ética que vivemos hoje.

Hospitalis lotados com pacientes infectados pela Covid

Quanta dor os brasileiros passaram com uma pandemia, que para nós era a pandemia do deboche, a pandemia da negação, a pandemia das mortes ignoradas, do oxigênio indisponível – aquele satirizado pelo senhor messias.

Falava naquele ano que a nossa democracia foi duramente conquistada, com muita luta e tortura. E que só com essa democracia foi possível termos um cidadão mais atento. Ledo engano. Vivemos hoje uma duríssima realidade que construiu fanáticos de extrema direita, que idolatram esse pseudomito.

Polícia Militar coloca menores fardados e com simulacros de fuzil em evento do Dia das Crianças — Foto Reprodução redes sociais

Falava ainda, que era duro ouvir de um futuro presidente da república gabar-se de ter ensinado seus filhos a atirarem com 5 anos de idade e estimular que crianças aprendessem a atirar. Hoje vejo comemorações do dia das crianças em locais totalmente inapropriados, com armas pesadas e granadas. Vejo imagens da PM do RJ mostrando crianças descendo de um camburão, todas devidamente armadas e uniformizadas. Realmente subestimei a força desse projeto de desgoverno. Deveria prever tais movimentações tão alinhadas com aquele que afirmava: “O erro da ditadura foi torturar e não matar”.

Jamais imaginei ver as cenas de agressividade durante o Dia da padroeira do Brasil. E com direito a vaias dirigidas ao Arcebispo de Aparecida. Quanto desrespeito! E ainda, ouvir de um pastor evangélico que veríamos se Deus é de direita ou de esquerda. Quanta loucura. Saudades da época em que direita e esquerda coabitavam pacificamente e nossa democracia saia ganhando. E pensar que o lema do desgoverno é: Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. A história nos mostrou um slogan parecido… E não deu certo….

Continuo achando que o messias alimenta o que há de mais cruel nas pessoas e lança ideias nada cristãs. Algumas delas: o afrodescendente mais leve pesa sete arrobas, índios deveriam comer capim para manter suas origens. Que não empregaria homens e mulheres com o mesmo salário, que seria incapaz de amar um filho homossexual e que preferia vê-lo morto num acidente. E outras tantas pérolas….

Na eleição passada ele trouxe todas essas bandeiras e as legitimou durante os quatro anos do desgoverno. Ele foi o presidente-voz de uma sociedade que também se mostra preconceituosa e violenta.

Ministro Paulo Guedes – Foto Orlando Brito

Sigo profundamente preocupada, pois caso ele vença essas eleições, a boiada de fato passará. Qualquer eleitor do Bolsonaro usará como argumento o antipetismo, a corrupção, o Paulo Guedes. Estão postas as defesas do voto no messias. Argumento aceitável há 4 anos, mas hoje muitas outras coisas estão em jogo e torna-se imprescindível abrir a janela dos olhos e do coração e tudo devidamente regado pela razão, que segundo o dicionário significa: a faculdade de raciocinar, apreender, compreender, ponderar, julgar.

Deixe seu comentário