A inflação que vem castigando os consumidores, especialmente os mais pobres, será de grande utilidade ao projeto de reeleição de Jair Bolsonaro.
A emenda constitucional 95/2016 determina que o teto de gastos será corrigido, anualmente, pela inflação do período de 12 meses encerrado em junho do exercício anterior a que se refere a lei orçamentária. Assim, o teto que valerá para 2022 será o atual de 2021, corrigido pela inflação acumulada de julho de 2020 a junho de 2021, que deve ficar em torno de 8%.
O governo Bolsonaro terá cerca de R$ 120 bilhões a mais para gastar em ano de eleições gerais. Porem, não é só isso. A inflação também vem contribuindo este ano para reduzir o déficit fiscal da União tendo em vista que as despesas foram projetadas em um ambiente de inflação menor e as receitas tiveram ganhos na arrecadação devido a arrancada no crescimento.
Um dos fatores que também contribuiu para melhoria deste indicador de endividamento foi a redução das taxas de juros pagas nos papéis públicos. Com a elevação da Taxa Selic para 4,25%, o custo da rolagem esta praticamente dobrando. Mas é verdade que, do ponto de vista das pessoas e instituições que aplicam em papéis públicos, estes juros são negativos diante da inflação de 8,06% que corrói o poder de compra da moeda.
O Banco Central sinalizou, na sua última reunião, que continuará elevando as taxas de juros nos próximos meses, o que levou os bancos a acreditar que a Selic chegará a 6,5% este ano.
Muitos economistas têm dúvidas sobre a eficácia dos juros para enfrentamento das causas apontadas acima que estão alimentando a inflação. A verdade é que, embora a inflação traga grandes prejuízos ao setor privado e aos consumidores, tem impactos até benéficos aos orçamentos dos governos, pois as despesas executadas são feitas em valores nominais e a arrecadação dos impostos pelo preço do dia.
Caso este crescimento de 4,2% do PIB, como prevê os economista da IFI, ou de 5,5%, na visão dos banqueiros, venha se espalhar para todos os segmentos produtivos, a economia poderá crescer de forma sustentável e, assim, poderá ocorrer uma melhora nas finanças públicas. É possível até que, em 2022, haja uma melhora no emprego e na renda dos brasileiros se o Banco Central conduzir bem a sua política monetária em 2021.