As bolsas de valores do Brasil e dos Estados Unidos despencarem nesta quinta, 5, depois que os investidores entenderam que a batalha para controlar a inflação será muito mais difícil do que parecia. E que os instrumentos monetários dos bancos centrais ao redor do mundo, as taxas de juros, estão tendo baixa eficácia para segurar os preços em uma economia cada vez mais globalizada.
O aumento na última quarta, 4, das taxas de juros, de 0,5% pelo FED, o Banco Central dos Estados Unidos, e de 1% pelo Banco Central do Brasil, tem a mesma finalidade, ou seja, controlar a inflação. Lá e aqui, os preços estão fora de controle por problemas de oferta, consequência da descontinuidade de muitos itens da cadeia produtiva devido à pandemia de covid-19 e, mais recentemente, à Guerra na Ucrânia – sem falar do aumento dos preços das commodities. A inflação nos Estados Unidos chegou ao patamar de 8,5% e a autoridade monetária daquele país acredita que, com juros na casa 2,75%, poderá trazer a inflação a um patamar de 2% ao ano, mesmo com a economia aquecida e quase pleno emprego – muito diferente do que se vê por aqui.
Aqui no Brasil os juros, que estão em 12,75% e devem ultrapassar os 13,5%, ainda não conseguiram reverter um processo de alta da inflação de 11,30% nos últimos 12 meses. As projeções são de que a inflação caia para 7% até o final do ano, na projeção anualizada. Pela lei das proporções, o Banco Central brasileiro está usando uma taxa de juros cavalar para um resultado pífio de redução da inflação quando comparado com os Estados Unidos.
O mais intrigante é que o desemprego no Brasil é de 11,9 milhões de pessoas com um quadro recessivo. Enquanto nos Estados Unidos a situação é de mercado de trabalho em quase pleno emprego e economia aquecida. A realidade é que os fundamentos da economia brasileira estão longe de serem comparados com a dos americanos. O fato é que o aumento dos juros nos Estados Unidos tem impactos significativos sobre o câmbio, os preços das commodities e os fluxos de capital. As novas taxas de juros nos dois países já estavam precificadas pelo comportamento de alta nas bolsas de valores. Por enquanto, a inflação, pelo menos aqui no Brasil, vai dando de goleada nos preços.