Campanha eleitoral vai desperdiçar R$ 4,9 bilhões

Boa parte dos bilhões destinados aos partidos para campanha eleitoral deste ano deve ir para o bolso dos marqueteiros, que recebem fortunas dos candidatos que ajudaram a eleger.

Essa grana toda foi autorizada pelo Congresso e pelo presidente da República para financiar as campanhas de milhares de interessados (as) em cargos públicos. Pessoas no geral sem destaque, mas desejosos de se elegerem aos cargos de vereador, deputado estadual ou federal,  senador, governador. E ainda a presidente da República. Tais postos lhes garantirão vida boa, liberdade para fazerem o que quiserem, em nome da administração pública, e polpudas aposentadorias, ao final.

Houve várias tentativas para redução do valor, até do presidente da República, de quem pouco se espera algo positivo. Mas o Congresso aprovou e prevaleceu a vontade dos ‘filantropos da política’, que logo depois das eleições vão comemorar a vitória ou lamentar a derrota. Crise, pobreza, inflação, miséria, covid e corrupção ainda abalam o país e sua população.

A mesada para os candidatos parece infinita e é dinheiro público. Poderia ajudar na recuperação de Petrópolis, evitar as enchentes dos aguaceiros nas cidades. Para a recuperação de pontes e estradas destruídas, na reconstrução de casas para os brasileiros que perderam tudo com as recentes tempestades.

Os candidatos poderiam ainda ter proposto, patrioticamente, redução de 50% na verba da publicidade aprovada para as campanhas, a ser aplicada na recuperação das áreas e populações atingidas. Mas não se lembraram dos que ficaram na miséria.

Há décadas as eleições brasileiras estão sendo transformadas em espetáculos medíocres, sem apresentar soluções criativas para o país. Os chamados marqueteiros surgiram e foram tachados de gênios pelos políticos embasbacados e pela imprensa desatenta. A ponto de candidatos se considerarem eleitos pelo trabalho dos marqueteiros, e não por suas próprias e supostas qualidades.

Duda Mendonça – Foto Orlando Brito

Assim, Paulo Maluf foi eleito governador e prefeito pelo Duda Mendonça, e o Lula e a Dilma pelo João Santana, o “Patinhas’’. Ambos baianos, o que pode sugerir a inspiração de alguns orixás nas formulações estratégicas. Competentes no novo estilo de campanha, tais publicitários/marqueteiros se projetam no mercado e recebem fortunas dos clientes eleitos.

Elegem até candidatos em outros países. Mas não deixam de ser responsáveis quando seu trabalho ajuda a eleger os que se revelam, nos cargos alcançados, péssimos ou desonestos administradores públicos.

Antônio Lavareda – Foto Divulgação

Os marqueteiros recebem fortunas em pagamento dos candidatos que ajudam a eleger. E fama de serem geniais. Há décadas, Jânio Quadros se elegeu presidente da República com a ajuda de uma vassoura e os cabelos desgrenhados, uma figura inquietante. Seus então marqueteiros o elegeram mesmo sem serem geniais como os da atualidade. FHC teve como marqueteiro o Antônio Lavareda. O de Bolsonaro foi Marco Aurélio Carvalho, mas o candidato e seus fardados insistiram em temas como igreja e pátria. Além da liberação de armas.

Pré-candidato do PDT a presidente, Ciro Gomes e o marqueteiro João Santana – Foto Reprodução/Twitter/cirogomes

Depois de envolvido em muitos problemas cabeludos, hoje o João Santana cuida do desempenho do Ciro Gomes. Como o candidato já foi derrotado em três tentativas anteriores, algum know how de campanha deve ter. No vídeo para valorizar as mulheres, no Dia das Mães, ele apareceu com o rosto meio sem graça, mas vá lá. Em outro, ele posou em cima de um penhasco, como um Tarzan se exibindo.

Pode-se deduzir que boa parte dos bilhões doados pelo governo para a campanha eleitoral, como se fosse para esclarecer a população e originar debates construtivos e esclarecedores, vai parar no bolso dos marqueteiros. São eles os ganhadores da campanha mobilizada pelos bilhões que pertencem ao povo brasileiro.

Pastores do mal

Certos pastores, mesmo encarnando uma religião, mais se ocupam da conquista de poder e riqueza para alcançar seus objetivos e beneficiar sua corrente religiosa. Nisso os evangélicos estão se destacando.

Burlam princípios morais e de confraternização e participam de negócios escusos com governos. Dedicam-se mais à política do que à religião. Mais busca de riqueza do que da igualdade social.

Ministro da Educação, Milton Ribeiro, com os pastores Arilton Moura (ao fundo) e Gilmar Santos – Foto Reprodução

Evangélicos propõem negociata a ministro da Educação em troca de dinheiro para construir mais igrejas. Convenhamos que o Brasil tem igrejas até demais, e para todos os tipos de fiéis. Só na Bahia são 365, diz a lenda.

O Brasil precisa muito mais de escolas, hospitais, universidades, centros de pesquisa e estudos do que de igrejas. Sem demérito algum a ambas.

– José Fonseca Filho é jornalista

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