Qual é o maior engasgo do PT nessas eleições? A acusação de que o partido é o principal protagonista do maior escândalo de corrupção da nossa história, desvendado pela Operação Lava Jato. Em suas narrativas, o PT atribui as denúncias de seu envolvimento no Petrolão — e, anteriormente, no Mensalão –a um complô com a participação de setores do Ministério Público, da Polícia Federal, do Judiciário e da imprensa, todos à serviço de elites incomodadas com suas políticas de inclusão social.
Esse conto da carochinha, mesmo sem colar, continua sendo repetido à exaustão. No entorno de Fernando Haddad se diz que, desde o primeiro turno, sua intenção era encarar essa questão de frente e fazer uma autocrítica de verdade, reconhecendo que gente graúda do PT se lambuzou nesse festival de escândalos. Mas, com aval de Lula, a burocracia que controla a máquina partidária, Gleisi Hoffmann à frente, vetou inclusive versões mais brandas desse mea culpa.
Nesse sábado (13), Haddad arriscou um arremedo de autocrítica. O que ele disse sobre os gigantescos escândalos de corrupção durante os governos Lula e Dilma Rousseff? Textual: “Faltou controle interno das estatais, isso ficou claro. Os diretores ficaram soltos para promover corrupção e enriquecerem”.
Questionado pelos repórteres sobre o envolvimento de dirigentes de partidários, ele avançou mais uma casinha. “Aí é pior. Se algum dirigente cometeu erro, garantido o amplo direito de defesa, se concluir que enriqueceu, tem que ir para cadeia. Com provas”.
Atribuir também os mega escândalos, que não se limitaram a empresas estatais, a falta de controle de quem exercia os cargos, quando é público, notório e confesso sobre a serviço de quem agiam, é, no mínimo, abusar da inteligência alheia.
Se por alguma convicção ou por estar tolhido pela burocracia do PT — que trata como heróis condenados por corrupção, José Dirceu, João Vaccari Neto e o próprio Lula, por exemplo — não puder fazer uma autocrítica crível, Haddad vai continuar nessa incômoda defensiva até o final das eleições.
A conferir.