Li com incredulidade a notícia de que o ex-juiz Sérgio Moro se tornou réu em uma ação popular impetrada por parlamentares do PT, cobrando indenização aos cofres públicos pela conduta do ex-juiz frente à extinta Operação Lava Jato. Seria cômico se não fosse trágico. Revela apenas que o partido não aprendeu nada com os escândalos e que, se retornar ao poder, poderá fazer tudo de novo.
Ao entrar com essa ação, o PT, na verdade, tenta comprovar a narrativa criada pelo partido de que houve perseguição política na Lava Jato e que o Petrolão – mesmo após a devolução de mais de R$ 6 bilhões à Petrobras resgatados dos bolsos dos envolvidos-, não existiu. Há também a intenção de que a ação seja pedagógica para intimidar futuras investigações de corrupção envolvendo políticos e empresários.
A ação foi recebida na última segunda-feira pelo juiz Charles Renaud Frazão de Morais, da 2ª Vara Federal Cível da Justiça Federal do Distrito Federal, que intimou o ex-juiz Sérgio Moro a apresentar sua defesa. É verdade que houve falhas na Lava Jato, a vaidade engoliu alguns dos seus integrantes mais proeminentes, mas dizer que o que causou prejuízos à Petrobras foi a conduta do juiz e não a roubalheira desenfreada que tomou conta da estatal durante anos é uma inversão total de valores. É o rabo abanando o cachorro.
Por meio das redes sociais, Sérgio Moro disse que “todo mundo sabe que o que prejudica a economia é a corrupção e não o combate a ela. A inversão de valores é completa: Em 2022, o PT quer, como disse Geraldo Alckmin, não só voltar a cena do crime, mas também culpar aqueles que se opuseram aos esquemas de corrupção da era petista.”
Já os advogados dos petistas alegam que “Moro é um dos grandes responsáveis pelo rastro luminoso de destruição e de miséria que o lavajatismo deixou no país. Foram quase 5 milhões de desempregos e aproximadamente 200 bilhões de reais de prejuízos à nossa economia. Precisa, pois, responder pelos atos que praticou na condução da Força tarefa de Curitiba”.
Só esquecem de dizer que quem levou a economia do Brasil à bancarrota a partir de 2015 não foi a Lava Jato, mas a desastrada gestão Dilma Rousseff. Também não reconhecem que a corrupção corrói não apenas os recursos públicos, mas a credibilidade do país aqui e lá fora.
Esse tipo de atitude por parte de parlamentares petistas preocupa muito aqueles que querem um Brasil melhor, mais justo e sem corrupção. E deixa angustiados os eleitores não devotos do Lula que tendem a votar no petista apenas para expurgar Bolsonaro do cargo, por pura falta de opções. É como se fossem obrigados a aceitar a corrupção com normalidade.
Pedir desculpas à população pela corrupção em seus governos e fazer uma autocritica nem passa pela cabeça dos petistas. Uma lástima!