Composto no início do século XIV, foi retratado pelos mais variados pintores de todos os tempos; um deles Salvador Dalí. A viagem de Dante é uma alegoria por meio do que se considerava o conceito medieval de ‘inferno’, guiada pelo poeta romano Virgílio. No poema, ‘O Inferno’ é descrito com nove círculos de sofrimento localizados no interior do Planeta. Será mesmo? No Brasil seria assim?
No Quarto Círculo – “Colinas de Rocha” vem a ganância, aqui traduzida em uma única frase: “Acho que exagerei”! Neste ciclo, especificamente, se encontram os avarentos e os pródigos. Local repleto de montanhas, praias e lagoas, as riquezas materiais se transformaram em gigantescos fardos de ouro que um grupo deve confrontar ao outro, além de se xingarem mutuamente; alguma semelhança?
Quinto Círculo – “Rio Estige” é a representação da ira de quem busca algum serviço básico nesta cidade e não é atendido. O sexto Círculo, “Cemitério de Fogo” é representado no poema como a heresia. Tudo muito direto, elevam o nome de Deus em vão. O Sétimo círculo, “Vale do Flegetonte” destaca a violência. A violência em todas as suas formas. Da falta de atendimento adequado nos hospitais, da violência doméstica, da fome… São três Vales: o Vale do “Rio Flegetonte” onde a violência é explicitada contra o próximo pelos assaltos à vida e ao bolso de cada morador deste país; o Vale da “Floresta dos Suicidas” onde a violência é contra si mesmo, talvez, quem sabe, nos “olhos cerrados” e por último o “Vale do Deserto Abominável” onde a violência é cometida contra Deus em seus pretensos e falsos profetas. Semelhanças?
O Oitavo círculo, de “Malebolge”, com a representação da fraude, parece grassar por terras cariocas há séculos. Desde o episódio dos espelhinhos e bugigangas trocadas com os Tupinambás. Aqui são dez “Bologias”; cada uma delas com os castigos inerentes aos que maltrataram este Brasil. Toda sorte de castigos, torturas e subjugo são praticados. Há que se destacar a quinta, onde os corruptos estão submergidos “em um lago de espesso piche fervente; os que tentam ficar com a cabeça acima do caldo são torturados por demônios, que os dilaceram…”. Nestas “Bolgias”, estão também os hipócritas, os ladrões, os maus conselheiros, os semeadores de discórdias os falsificadores, rufiões e sedutores, os puxa-sacos, traficantes, larápios, malfeitores…
E, finalmente, chegamos ao Nono Círculo, “Lago Cocite” representado pela traição. São quatro esferas de dedos-duros, são muito os X-9s. “Esfera da Caína”, os que traíram seus parentes; “Esfera da Antenora”, a turma que traiu a pátria ou partido político. A “Esfera da Ptoloméia ou Toloméia”, traidores de seus hóspedes. Quem sabe, os que escolheram o Brasil como sua ‘casa’ e, por último, a “Esfera da Judeca” onde estão aqueles que, em vida, traíram seus mestres e reis.