Nunca antes nesse país um presidente da República se comprometeu tanto com o erro – ou, se preferem, com equívoco, delito ou algum sinônimo se não quisermos usar o termo crime antes de concluídas as investigações. Mas Jair Bolsonaro se abraçou a seu gabinete do ódio de forma irreversível ao dizer que a ação global do Facebook que tirou do ar 73 perfis de assessores e aliados que propagavam fake news era uma perseguição a seu governo.
Bolsonaro desconheceu que a retirada dos perfis do ar foi uma ação global do Facebook e, de forma precipitada, colou seu destino ao dos acusados de usar recursos públicos na propagação de notícias falsas e campanhas de ódio. A legislação brasileira ainda tem lacunas nesse assunto, mas, se confirmados esses atos, seus autores – como o assessor Tercio Arnaud Tomaz – serão criminalmente responsabilizados. E o presidente da República terá que explicar que não era seu cúmplice, ou que não era o chefe da associação criminosa por ter o domínio do fato. No mínimo, configura crime de responsabilidade.
Por muito menos que isso, como as tais “pedaladas fiscais”, já se cassou o mandato de uma presidente da República.