O ministro do STF Luís Roberto Barroso está coberto de razão nas críticas ao “retrocesso cucaracha” que politizou e colocou as Forças Armadas no ataque ao processo eleitoral. As reações iradas do Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e dos generais do Planalto, todos a serviço de Jair Bolsonaro, eram previsíveis. Mas a absoluta omissão de instituições que deveriam entrar em campo na linha de frente da defesa da democracia, como o Congresso, deixa o país sob um injustificável clima de insegurança.
Intencionalmente ou não, Barroso jogou lenha na fogueira do confronto entre governo e STF, já reavivada com a afronta representada pelo indulto do presidente ao deputado Daniel Silveira, antes mesmo de sua sentença ter transitado em julgado. A Corte nada respondeu de imediato – e não parece que irá fazê-lo – e nem Barroso se referiu diretamente ao episódio. Obviamente, porém, foi uma resposta bem dada.
Caberia agora ao Poder Legislativo entrar do lado certo da história, pois não dá para dizer que esta segunda-feira pós-carnaval amanheceu normal. Nos dias da folia, parte da população foi às ruas assistiu a paródias como a do presidente da República virando um imenso jacaré verde-e-amarelo. Só que viu também a fuga dos comandantes do Congresso – sob qual fantasia se esconderam? – que deveriam estar zelando pela normalidade democrática e se colocando ao lado da legalidade.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, continuou em seu lugar preferido – o muro. Preferiu dar parecer jurídico-técnico referendando o decreto presidencial, sem enxergar a dimensão política do desrespeito do chefe do Executivo ao STF. No conflito entre Barroso e as Forças Armadas, como agirá?
De Arthur Lira, não é preciso falar. Não tugiu, nem mugiu, enquanto tratava de cuidar dos assuntos de seu interesse: as bilionárias verbas que foram parar nas mãos do Centrão e compraram o silêncio de um dos poderes da República diante das afrontas à democracia.