Como era previsível, o presidente Jair Bolsonaro quebrou a cara ao fantasiar que seria um grande eleitor no pleito municipal. Ele chegou a divulgar nas redes sociais uma listinha com seus candidatos a prefeito, a vereador e até a senador numa eleição extemporânea em Mato Grosso. Apagou a postagem quando se tocou que era um vexame, mas já era tarde.
Nessa mesma listinha, Bolsonaro manifestou apoio à candidatura da Coronel Fernanda da PM na eleição para uma vaga no Senado que foi aberta pela cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral da ex-senadora Selma Arruda e de seus suplentes. Ali quem venceu foi Carlos Fávaro, que havia ocupado interinamente a cadeira de Selma no Senado. O sobrenome eleitoral Bolsonaro que tanto sucesso fez em 2018 agora virou marca de fracasso.
Ele passa recibo, mas sem dar o braço a torcer. Segue a mesma linha de seu ídolo Donald Trump na eleição presidencial no Estados Unidos. Nas redes sociais, Bolsonaro fez a seguinte avalição sobre o resultado das urnas: “De concreto partidos de esquerda sofreram uma histórica derrota nessas eleições, numa clara sinalização de que a onda conservadora chegou em 2018 para ficar. Para 2022 a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado.”. Essa referência à mudança do sistema eleitoral é o retrocesso da urna eletrônica para o voto em cédula, uma batalha sem a menor chance de vitória.
Quando tenta jogar sua derrota no colo das esquerdas, Bolsonaro mira em Lula e em outro mal desempenho eleitoral do PT. Em seus momentos de glória, o PT foi o principal partido no campos das esquerdas nas capitais e nas grandes cidades. Bem diferente de hoje. Por exemplo, nas três principais capitais do Sudeste — as mais populosas com os melhores PIBs — o desempenho do PT foi muito ruim. Em São Paulo e Belo Horizonte, cidades que já governou, abertas as urnas ficou em sexto lugar. Guilherme Boulos engoliu o PT em São Paulo e vai disputar o segundo turno com o prefeito Bruno Covas. Nilmário Miranda, um quadro histórico do partido, teve votação de nanico em Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, a ex-governadora Benedita da Silva ficou em quarto lugar, atrás de Eduardo Paes, Marcelo Crivella e a delegada Martha Rocha.
Mesmo tendo o governo da Bahia, a candidata petista não conseguiu levar a eleição para o segundo turno em Salvador, vencida com ampla vantagem por Bruno Reis, do Democratas. Em São Bernardo do Campo, berço do PT, Luiz Marinho, estrela do partido e ex-prefeito da cidade, tomou uma tunda histórica do tucano Orlando Morando. Desde as eleições de 2016, o ABC paulista deixou de ser uma cinturão vermelho. Em Santo André tomou outra surra. O PT chega ao segundo turno em Vitória e Recife com seus candidatos em segundo lugar. Vai bem também em São Gonçalo, no Rio, e em Diadema e Guarulhos, em São Paulo.
Pelo que havia contabilizado até a madrugada dessa segunda-feira (16), os partidos mais conservadores foram os grandes vitoriosos no país. MDB, PSDB, DEM, PP, PL elegeram mais prefeitos. O PDT saiu melhor nas esquerdas. Lula e o PT continuam pagando pelos malfeitos em seus governos. Bolsonaro também.