Às 23h59m desse domingo – exato um minuto antes do prazo que poderia ser fatal – o twitter de Lula anunciou Fernando Haddad como candidato oficial do PT à vice-presidência da República. Caía assim mais um blefe.
Em sua estratégia político-jurídica, Lula estica a corda ao máximo, mas aprendeu a recuar antes que ela arrebente. Foi um difícil aprendizado. A tática de dobrar a aposta, sempre pagar para ver, em cada etapa do processo judicial, deu com os burros n´água.
Do ponto de vista jurídico, não funcionou nas duas primeiras instâncias e atrapalhou a tentativa de transferir o endereço de Lula de uma cela especial em Curitiba, onde cumpre pena por corrupção, para seu apartamento em São Bernardo do Campo.
Os lulistas avaliam que, no jogo político, a opção pelo enfrentamento com a Justiça deu bons resultados. Na ótica deles, o mais importante foi ter conseguido segurar até agora, com toda a pressão do calendário eleitoral, o anúncio de seu plano B na sucessão presidencial. Um feito e tanto para Lula e a burocracia do PT. Ilude-se, inclusive líderes petistas, quem ache que há algo mais relevante para a máquina petista do que o próprio umbigo.
Ao oficializar Haddad como vice provisório, avisar ao fiel PC do B que, por falta de melhores alternativas – Josué Gomes, Ciro Gomes e o PSB não toparam – a vaga seria de Manuela D`Àvila, o PT teve que abrir suas cartas. Ainda que de forma oblíqua, o partido admitiu que Lula, por causa da ficha suja, não vai concorrer às eleições presidenciais.
Mesmo assim, a cúpula do PT vai tentar manter Lula como suposto candidato enquanto der – e militantes e devotos vão insistir nessa encenação nas redes sociais.
O propósito de Lula é fazer a candidatura Fernando Haddad a mais viável alternativa no campo das esquerdas para chegar ao segundo turno. Se conseguir apenas isso já será vitorioso na disputa pela hegemonia em seu terreiro político.
É um jogo de alto risco.
Como sempre, há prognósticos de analistas de pesquisas para todos os gostos. Alguns taxativos, outros mais cautelosos. Todos palpitando na mais imprevisível eleição presidencial desde 1989.
A máscara facial de Lula até pode ser um símbolo para a largada de Haddad. Mas não lhe tira a condição de mais um poste de Lula. O fiasco de Dilma Rousseff, a ser martelado na campanha, é apenas um dos obstáculos.
A conferir.