Tudo o que é ruim pode piorar. O ex-presidente Lula não para de sofrer derrotas: políticas, eleitorais e judiciais. Teve mais uma quarta-feira complicada. Foi indiciado pela Polícia Federal pelo suposto benefício ao sobrinho Taiguara dos Santos em negócios da Odebrecht em Angola, como sempre bancados pelo BNDES.
Trata-se de um inquérito sobre milhões de dólares que teriam sido pagos como propina, naquela promiscuidade das transações em Angola, com respingos em Lula e na sua família. Ainda deve virar processo, com um bom caminho pela frente. Assim como outras apurações em várias frentes em Brasília e Curitiba.
O que advogados criminalistas atuantes na Lava Jato, inclusive de petistas, apostavam era em uma reversão da decisão do Supremo Tribunal Federal de que quem for condenado em segunda instância na Justiça passa imediatamente a cumprir a pena. Esperavam duas mudanças.
Uma delas, a do ministro Gilmar Mendes, foi um libelo contra os que apostavam em seu recuo. No meio de um contundente voto, Gilmar ironizou um dos mais defensores dessa revisão, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. “Com condenações como as de Curitiba, tem gente indo para a cadeia que talvez ajude a melhorar os presídios do país”.
Dias Toffoly mudou de posição. Assim, o STF manteve a decisão, com o voto decisivo da presidente Cármen Lúcia. Era tudo o que os petistas temiam. Eles dão de barato que Lula vai ser condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro. Isso ocorrendo, o recurso de Lula será apresentado ao Tribunal Regional Federal da 4.a Região, o mais rigoroso do país, onde as decisões de Moro têm sido confirmadas.
Por mais que esperneie, Lula sente o cerco fechar. A expectativa no PT é de duas péssimas notícias nesse segundo julgamento no TRF. A menos ruim: Lula pode ficar inelegível pela Lei da Ficha Limpa. A pior: pode ter de começar a cumprir alguma pena, talvez de cadeia em regime fechado.