Dilma Rousseff é um estorvo para a campanha de Fernando Haddad. Seus adversários sabem disso. Na disputa pelo espólio eleitoral de Lula, Ciro Gomes e Marina Silva apostam em carimbar Haddad como uma nova versão de Dilma, desgastada por suas desastradas gestões no Palácio do Planalto.
Haddad se esquiva dessas estocadas, faz algumas críticas pontuais a Dilma, e cada vez mais gruda em Lula. Essa estratégia vem dando certo. Ele subiu quatro pontos percentuais na pesquisa Datafolha, divulgada nessa sexta-feira (14), puxado por seu crescimento no Nordeste, e empatou na vice-liderança com Ciro Gomes. É o único com viés de alta no pelotão abaixo de Jair Bolsonaro. Ciro ficou do mesmo tamanho, Alckmin empacou e Marina Silva continua derretendo.
Mas se enrolou quando, mais uma vez, tentou driblar perguntas pertinentes sobre a corrupção nos governos petistas com repostas evasivas. Repetiu a mesma baboseira de que os governos petistas são os responsáveis pela exposição da roubalheira, como se isso fosse um salvo-conduto para participarem da bandalheira. Nessa toada, seguiu a cartilha da burocracia do partido, que só enxerga roubo de dinheiro público pelos adversários, e se negou a reconhecer as comprovadas falcatruas dos correligionários. Assim, abriu o flanco.
Bonner, então, o encurralou. Apresentou a longa lista de caciques petistas encrencados na Lava Jato. Uns na cadeia, outros denunciados,réus confessos ou não, e vários investigados pelas mais variadas maracutaias. Entre eles, Bonner disse que havia dois ex-presidentes da República. Esperava-se que Haddad saísse em defesa de Lula. Qual o quê. Apegou-se ao caso de Dilma Rousseff — em nenhuma investigação ela é apontada como tendo embolsado propina — para romper o cerco e até arriscar um contra-ataque. Bem tímido, por sinal, se comparado às bordoadas na Globo desferidas por Bolsonaro na entrevista ao Jornal Nacional.
Foi uma sa
Ciro tem outras cartas no baralho. Como já escrevi aqui, ele pode virar o Plano C de quem aposta em Alckmin e tem Marina como segunda opção. Alguns dados da pesquisa Datafolha indicam que já há movimentos nesse sentido. Alckmin entrou no páreo com duas certezas: era o preferido do establishment político e econômico e o favorito entre os eleitores mais ricos. Pois bem. O Datafolha mostra que Alckmin despencou nesse eleitorado. Ciro e Bolsonaro se beneficiaram desse tombo.
O imponderável é para onde vai o voto útil de quem prefere uma penca de candidatos identificados como de centro-direita — Álvaro Dias, Henrique Meirelles, João Amoêdo, hoje empatados no terceiro pelotão.
A conferir.