Na arena política, às vezes se confunde características parecidas com atributos bem diferentes. Nem sempre o raciocínio rápido, respostas na ponta da língua, ágeis ironias são predicados de um mesmo dom. A história e a crônica política são repletas de exemplos de talentos, digamos, inteligentes, ou apropriados. Registram, também, reações ligeiras que no mínimo são bola fora.
Logo no começo da entrevista a Renata Lo Prete, no Jornal da Globo, Ciro Gomes, para driblar uma pergunta sobre a segurança jurídica de anúncios como desfazer contratos na área de petróleo, acordo entre Embraer e Boeing, entre outros, respondeu de pronto: “Estamos sob um regime de golpe de estado”, a pretexto do impeachment de Dilma Rousseff.
Em toada semelhante, o PT diz que o Brasil vive num regime de exceção desde a destituição de Dilma e contesta a legalidade da condenação de Lula em duas instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro. Nem o fato de o STJ e o STF, as duas maiores instâncias da Justiça, negarem provimento a essa contestação da legalidade mudou em nada o discurso dos lulistas. Para eles, prevaleceu o arbítrio.
De uma maneira ou de outra, em pleno processo eleitoral, as três candidaturas que lideram a corrida presidencial estão pondo em dúvida os pilares da democracia no Brasil: 1) – Ciro diz que o Brasil vive sob um golpe de estado; 2) — Os petistas não reconhecem legalidade em decisões da Justiça no impeachment de Dilma e nem na prisão de Lula; 3) -Bolsonaro questiona a lisura do próprio processo eleitoral.
O pano de fundo é uma população que não confia nos políticos. Aonde vai dar isso?
A conferir.