Uma análise mais detalhada da mais recente pesquisa Datafolha, publicada em outubro, mostra que continua viva a máxima do velho craque Didi: treino é treino e jogo é jogo. Estamos ainda na fase do treino, como mostram informações desta pesquisa. A primeira e mais importante: 66% dos brasileiros não sabem em quem votar ou estão decididos votar em branco ou anular, enquanto 34% declararam ter candidato. Estes dados estão logo no início da pesquisa, quando os pesquisadores mediram a intenção de voto espontânea indagando aos 2.772 entrevistados em quem pretendiam votar para presidente no ano que vem.
Na parte das perguntas estimuladas, onde Lula aparece com 35% das intenções de voto e os que não votariam ou não sabem são 18%, algumas coisas chamam atenção. A primeira: o Datafolha trabalhou com oito cenários diferentes quando pediu aos eleitores que indicassem em quem votariam. Do universo pesquisado, 70% são brasileiros das classes C, D e E com menor nível de escolaridade e de renda. Isso exige dos pesquisadores muito treino para impedir que o entrevistado comece a responder “no automático”. A segunda: foram feitas 19 perguntas para os eleitores, tornando o questionário longo e cansativo para grande parte dos entrevistados, mas 12 delas não foram divulgadas no relatório final.
A pergunta 19 da pesquisa Datafolha é sobre quais são os aspectos mais importantes que o eleitor leva em conta hora de escolher um candidato. O perfil surgido desta pergunta mostra que os brasileiros querem alguém que nunca tenha se envolvido em casos de corrupção (87%), tenha experiência administrativa (79%) e tenha um passado político conhecido (65%). Estes são os três mais relevantes. Indicam que o eleitorado cansou do mesmo e pretende escolher – ou neste momento sonha escolher – alguém que não tenha relação com a velha política. Querem algo novo, “descontaminado” e o candidato que conseguir encarnar isso vencerá, como aconteceu com Collor em 1989.
Há ainda outro aspecto que não foi captado pela pesquisa Datafolha. O peso das redes sociais na política e sua influência na escolha dos candidatos. O melhor exemplo deste fenômeno é justamente Bolsonaro, que consegue arrancar 9% de intenções espontâneas trabalhando basicamente com as redes sociais. Não se sabe o efeito negativo ou positivo das redes sociais em outras candidaturas como a do próprio Lula. Quem mergulha nos números da pesquisa Datafolha a concluiu que o jogo ainda não começou. Só agora, no último minuto, o Congresso definiu as regras da eleição de 2018 e como as campanhas serão financiadas. Portanto, que ninguém se impressione com os resultados das pesquisas até aqui,, porque revelam mais incertezas do que certezas.