IPO: a onda gigante que cresce no mundo dos investimentos

A brasileira Maya Gabeira (filha do tranquilo Fernando Gabeira) bateu o recorde mundial de surfar ondas gigantes na Praia de Nazaré em Portugal em 2020. Apenas assistir ao vídeo já é aterrorizante. Em 2013 ela tentou e quase morreu, tendo que passar por cirurgias e por recuperação do corpo e da mente para ter coragem de tentar novamente. “Cicatriz é história”, costuma brincar com outros surfistas sobre as marcas deixadas pelas cirurgias. “Medo é essencial”, diz cautelosa.

Outra onda gigante cresce no mundo dos investimentos e muitas empresas brasileiras já posicionam suas pranchas enquanto poucas já descem na frente a toda velocidade.
Falamos do boom de IPOs (Oferta Pública Inicial) na Bolsa de Valores.  Esse é um ambiente que também às vezes lida com o medo. O bilionário norte-americano, Warren Buffett já disse: “Seja ganancioso quando os outros estão com medo e medroso quando os demais estão gananciosos”. Mas essa nossa onda gigante desperta muito mais vontade de surfar do que medo.

Nos Estados Unidos a aplicação em Bolsa é uma prática comum para a poupança das famílias, afinal as taxas de juros, quase zeradas há bastante tempo, afugentam as aplicações em renda fixa. Ao contrário do Brasil onde a taxa de juros baixou para níveis razoáveis há muito pouco tempo, após permanecer muito tempo nas alturas, quando dava pouco incentivo a alguém tomar algum risco.

O mercado de capitais brasileiro viveu um verdadeiro boom de IPOs em 2020. Ao todo, 27 companhias fizeram sua estreia na bolsa e outras 43 companhias estão na fila para abertura de capital. O valor movimentando em ofertas de ações em 2020 foi de aproximadamente R$ 112 bilhões (considerando IPOs e follow-ons, que são ofertas subsequentes). A cifra supera o recorde de 2019, quando o volume de emissões foi de R$ 90 bilhões e perde apenas para 2010, quando houve a megacapitalização da Petrobras. Em 2019, para efeito de comparação, apenas cinco empresas realizaram IPO.

Quando uma empresa coloca parte de suas ações à venda na bolsa de valores tem como objetivo captar recursos a um custo mais baixo do que um financiamento bancário com juros. Por outro lado, terá que dividir parte de seus lucros com os novos sócios. Esse evento marca a primeira venda de ações de uma empresa, podendo movimentar milhões ou até bilhões em um só dia. Com mais dinheiro em caixa, a empresa pode contratar equipe, expandir operações, comprar concorrentes ou até mesmo pagar dívidas. No entanto, as companhias precisam atender a uma série de regras de transparência e prestação de contas ao mercado e aos órgãos reguladores. Exige um nível alto de governança corporativa, o que é bom para a profissionalização da empresa e para o próprio ambiente de negócios do país.

O capital levantado vira dinheiro que vai para o bolso dos controladores (que possivelmente se tornam milionários) e para o caixa da empresa, o que desencadeia uma sucessão de investimentos e aquisições pela empresa ou pelo novo milionário. E tudo pode começar bem pequeno, com uma startup que recebe seu primeiro recurso de um investidor-anjo, cresce, faz outras rodadas de investimento com valores maiores, cresce mais e chega ao ponto de abrir seu capital na bolsa. Algumas estão indo direto fazer isso em Nova York, onde os juros praticamente negativos nos bancos colocam investidores ávidos por novas oportunidades. A capixaba PicPay, por exemplo, está indo surfar na bolsa Nasdaq com o impressionante valor de US$ 35 bilhões.

Esse é um mundo muito mais saudável e empolgante do que aquele que nos acostumamos por anos de subsídios, juros escorchantes e dificuldade de capital. É o mundo do empreendedorismo com aumento de produtividade e geração de empregos e renda. Uma grande oportunidade para empreendedores inovadores.

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