Na semana passada destaquei que seja quem for o vitorioso, os maiores números serão o VOTO-CONTRA e o NÃO-VOTO (Veja aqui).
Mas de qualquer modo, no dia 30/10, teremos um presidente eleito (na verdade, re-eleito, seja quem for dos dois), com algo perto de 60.000.000 de votos, mas que terá a obrigação de governar para 210.000.000!
A pesquisa do IPEC dessa semana (24/10) mostra uma estabilidade muito sólida, favorável ao candidato Lula. 54% X 46%. Esses 8 pontos de diferença, em números absolutos representam quase 10.000.000 de eleitores.
Vamos especular um pouco em cima dos números do primeiro turno, quando Lula teve 57,2 milhões de votos (48,44%), Bolsonaro 51,0 milhões (43,2%), os outros votados perto de 10 milhões, com 118 milhões de votos válidos e 5 milhões de brancos e nulos.
Se o número de votantes for parecido, com os nulos e brancos repetindo seu total, os dois candidatos teriam que herdar 10 milhões de votos dos “outros”. Uma divisão razoável seria que 4 milhões, decepcionados com as opções, virassem nulos ou brancos, e os 6 milhões restantes se dividissem igualmente entre os dois candidatos.
Dentro dessa suposição, Lula ficaria com 60,2 milhões e Bolsonaro com 54 milhões, representando vitória de Lula por 52,71% X Bolsonaro 47,28%, dentro da margem de erro da pesquisa IPEC.
Mais precisa ainda, a pesquisa GENIAL-QUAEST de 19/10, que faz algum ajuste em função da abstenção (“likely voter”) aponta 52,8% X 47,2%, mais parecida ainda com a minha especulação.
Qual a conclusão? Nesse momento, seria muito difícil para ara o candidato Bolsonaro virar o jogo.
Dentro da estabilidade dos itens da pesquisa IPEC, um dos poucos itens que mostra uma variação grande se dá em relação a faixa de idade dos eleitores.
De 16 a 24 anos, Lula passa de 57 para 64%, e Bolsonaro cai de 43 para 36%;
De 25 a 34 anos, Lula passa de 50 para 53%, e Bolsonaro cai de 50 para 47%;
A partir daqui a situação se inverte.
De 35 a 44 anos, Lula passa de 54 para 48%, e Bolsonaro sobe de 46 para 52%;
De 45 a 59 anos, eles se mantém com 53 X 47; e
De 60 e mais, Lula cai de 55 para 51%, e Bolsonaro sobe de 45 para 49%;
Alguém consegue explicar? Lula cresceu entre os mais jovens e caiu entre os de mais idade e Bolsonaro fez o caminho inverso!
Talvez a explicação esteja na forma como cada faixa absorve notícias. Os mais jovens recebem mais notícias pelas redes sociais e os de mais idade pelos jornais, rádio e TV.
As batalhas da última semana parecem ter sido mais aguerridas e violentas nas redes sociais favorecendo Lula (“pintou um clima…”) e mais oficiais/comportadas (menos violentas) nos horários e notícias da TV.
Será?
Vamos esperar as últimas pesquisas da semana com IPESPE, QUAEST e DATAFOLHA para fazer as especulações definitivas antes do resultado final no domingo. Enquanto isso, torcer pelo Mengão no sábado!
Até lá!
– Paulo Milet, é empresário, formado em Matemática/UnB com Pós em Adm. Pública/ FGV