O governo Bolsonaro começa sua batalha no Congresso pela aprovação das reformas prometidas na campanha eleitoral. A primeira e mais importante é a da Previdência. Aprovar mudanças na Constituição não é tarefa trivial, e a formação de maioria parlamentar exigirá do governo poder de convencimento e capacidade de articulação. Bolsonaro montou sua equipe dando privilégio às bancadas setoriais, sem as tradicionais indicações político-partidárias, como assinalou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, logo após sua reeleição: “O presidente organizou a base de outra forma, e não há clareza se tem o espaço necessário para ter os 308 votos (para aprovar uma emenda constitucional)”, disse Maia. Agora, com as reformas na mesa de negociação, as pressões políticas sobre o Planalto devem começar.
A fragmentação partidária é outro desafio para Bolsonaro. Há 30 partidos representados na Câmara. Mesmo que não traduzam 30 ideologias, são mais interesses a conciliar. Além disso, a taxa de renovação próxima de 50% coloca o governo diante do desconhecido. A base governista reúne o PSL e o grupo de partidos que formava o grupo conhecido como centrão – DEM, PP, PRB, PSD. Na questão da Previdência, o governo poderá agregar ainda PSDB, MDB e Novo, partidos que pregam reformas econômicas. Juntos, não somam os 308 votos necessários. Além disso, poucos são homogêneos e atuam de forma orgânica.
Maia colocou-se como o negociador de um amplo acordo que deverá envolver governadores, inclusive os da oposição, que, como a maioria dos colegas, administram estados quebrados e precisam mudar o sistema de aposentadorias para ajustar o caixa. A bancada do PT, que contesta a reforma desde a gestão Michel Temer, terá de se entender com governadores de Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Problemas fiscais podem amenizar as diferenças ideológicas.