A vacinação contra a Covid-19 chegou ao Parque Nacional do Xingú. E foi pelas mãos da equipe médica do Distrito Sanitário Especial Indígena-DSEI, que vem a ser o serviço do SUS-Sistema Único de Saúde criado para prestar assistência sanitária aos índios que habitam o território, em torno de oito mil homens e mulheres de todas as idades, além das crianças.
O Xingu abriga 26 etnias distribuídas em 104 aldeias. O processo de imunização começou no mês de fevereiro nas comunidades onde constatou-se a ocorrênca de casos de contaminação pelo Coronavírus. Por exemplo pela a Yawalapiti, cujo cacique era o lendário Aritana, falecido no ano passado. E, depois dele, três de seus parentes, também vítimas da Covid.
Na semana passada chegou a vez dos índios Waurá. Primeiramente, pela aldeia Piyulaga e, em seguida, por Ulupwene, Topepewekw, Tsekuru, Tamitatuwala e Puyulewene. Os wuarás, foram, aliás, os derradeiros a receber as vacinas porque não houve sequer uma ocorrência da Covid entre eles.
Yanahin Waurá — guerreiro, pai-de-família, motorista da Funai, internauta, juiz de futebol, cinegrafista e fotógrafo — não perdeu tempo. Registrou com sua câmara a ação das enfermeiras e enfermeiros do DSEI sediados no município de Canarana, encarregados da distribuição da primeira dose e que seguiram para lá numa caminhonete do SUS.
Veja as fotos da vacinação e da festa que o cacique Yapatsiyama fez para comemorar o risco de contágio pela Covid. No nome do ritual é Yaupé, com o qual os índios Wuará pedem as espíritos que varram os males para longe de seu povo. Agora estão radiantes à espera da segunda dose de Coronavac, prevista para o próximo dia 25. Todos os waurá com idade acima de 18 anos foram imunizados.
As fotos são do meu amigo Yanahin Waurá, de 42 anos, e de seu filho Tamahé, de 21.