Não importa se o coronavírus é parte de guerra híbrida antiamericana da China e antichinesa dos EUA, se veio do espaço ou, o mais provável, que é efeito da destruição da Natureza. A covid-19 chegou chegando no Brasil. No momento, o importante a se saber é que seguindo as orientações do Ministério da Saúde evita-se que a doença contamine a você mesmo, aos seus entes queridos e a toda a comunidade. Depois, discutimos causas, conspirações, versões. Primeiro, salvamos todos. Ah, não quero que todos se salvem…pois é, você depende deles para não virar chacota de quem também não sabe o que pensa sobre seu merecimento à existência. Sorry.
O mesmo vale para as tendências do ego de negar a realidade da contaminação e riscos envolvidos. Se você quer ser do clube do não-pânico, a melhor coisa é ser perfeccionista nas recomendações de higiene e de máximo de isolamento. Assim, fará sua parte para evitar a propagação que aterroriza a muitos. E, melhor, irá se prevenir do seu próprio pavor, caso eventualmente perceba que, sim, aconteceu com você.
Se é do clube que tem boa saúde, prove-a não ficando doente. Se é do que tem grandes ancestrais desbravadores, corajosos e saudáveis, faça jus à história deles não caindo moribundo numa UTI. Se vê o coronavírus como castigo divino, salve-se não o contraindo e não repassando a terceiros que podem estar tentando se salvar também. Se é o apocalipse, junte-se contra a peste, a morte e outros cavaleiros. Se está ansioso e inseguro lutando por normalidade, garanta a normalidade bloqueando a disseminação da covid-19. Com certeza, gostando de ter razão como 100 em 100 habitantes do planeta, preserve-se para, no final, estar íntegro para dizer que estava correto.
Se já entrou para uma destas torcidas – os panicats e os segurões – cheias de “eu acho” para cá e para lá, a vitória do jogo passa exclusivamente por não se infectar e nem infectar o meio. Se está triste, deprê e quer se autoafirmar em meio às diversas reações geradas pelo risco da doença, antes garanta a autoafirmação mais básica, que exige estar vivo e saudável. Se o seu negócio é uma boa vitimização, siga a cartilha médica preventiva como um bom coitadinho que é. Se prefere uma onda esotérica, conecte-se a esta energia mística que torna a todos Um – contra o coronavírus. Ou, destrua-o dentro de si mesmo, não dando chance dele se abrigar em seu corpo sagrado.
Se puder fazer mais é sempre bom: denuncie o patrão que obriga você ou a terceiros a trabalhar em ambiente inseguro, não se envergonhe de ser o primeiro de máscara onde ganha o seu pão de cada dia, feche a porta de casa para quem faz pouco caso teórico e/ou prático da pandemia, insista na importância de não menosprezar as vidas em jogo para o iludido – ao seu lado – com as bobagens ególatras normais do ser humano. E, lembre-se: perto do corona, ninguém esta nem aí se fulano quer se manifestar contra sicrano.
É simples assim. Todos os caminhos levam à atitude correta. E a atitude correta leva ao despertar para a coisa mais importante: a vida quer progredir, tudo vai passar, mas é imprescindível criar causas e condições. Temos à porta mais uma oportunidade de superar a ignorância, o euzinho cheio de costumes arraigados e verdades canhestras. De realizar o potencial humano de adaptação que nos trouxe até aqui.
Se quer mudar a política, comece pelo enfrentamento ao coronavírus não esperando para tomar as rédeas da situação, ou deixe claro a todos que é só mais um papagaio de redes sociais. Que na hora em que podia fazer a diferença, foi apenas mais uma vítima da falta de semancol nas farmácias sociais.