No dia em que a mídia dá notícia sobre folha de pagamento salarial de quase meio milhão de reais para magistrados da República e a manutenção da verba para o fundo eleitoral em torno de cinco bilhões, vemos cena como esta aí da foto. Longe da dinheirama do poder e perto da realidade da pobreza popular. No semáforo que fica a 100 metros do Ministério da Economia e bem perto do Congresso Nacional, uma situação concreta e verdadeira: brasileiros buscando a sobrevivência com o que lhe resta, pedir socorro.
Este é, na verdade, lance que tornou-se comum vermos em praticamente todas as esquinas do país. Pessoas sem renda a rogar por todo tipo de doações. A diferença é que em Brasília, isto acontece bem à vista das autoridades que dirigem o Brasil.
A jovem Jasmim e o marido usam cartazes com palavras de apelo para tocar a emoção dos passantes. Têm como estratégia ficar em locais diferentes por achar maior a chance de serem vistos. Dois dos meninos vão com ele. O bebê, fica com ela por conta da amamentação. No fim do dia reencontram-se e, em geral, conseguem arrecadar em torno de vinte reais.
Ângela Silvestre tem 29 anos e cinco filhos. Igualmente desempregada. Já foi auxiliar de escritório, babá, diarista e agora, sem horizonte de trabalho, vê em pedir auxílio nas esquinas a solução para seu drama. Até o momento dessa foto aí, 13.18hs dessa quarta-feira, havia arrecadado 5 reais e 90 centavos em moedas. Já Antônio Santos é paranaense. Pedreiro. Também não consegue emprego. Não tem endereço. Aliás, tem. A rua. Hoje, com 45 anos, dorme entre os ônibus estacionados à noite na Rodoviária da Capital.
Esses três brasileiros são eleitores também. E dizem não saber em quem vão votar para presidente. Aliás, nenhum dos até agora candidatos está falando para o eleitor.
Orlando Brito