A decisão do Ibama de arquivar ontem o licenciamento ambiental da hidrelétrica São Luiz do Tapajós atende as reivindicações dos índios mundurukus e do Greenpeace, mas também faz parte da estratégia do governo de adiar por um tempo a execução do projeto.
Diante da escassez de recursos da Eletrobras e empresas privadas do setor elétrico e da folga de oferta de energia para atender o consumo até 2020, a decisão do Ibama ficou alinhada à vontade do presidente Michel Temer de voltar a tratar do assunto em 2017.
Aos fatos: 1) O projeto técnico de construção da usina submetido à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e à Agência Nacional de Energia (Anel) teve parecer favorável. 2) A usina de Tapajós terá capacidade instalada de 8,04 megawatts com turbinas bulbos que produzem energia com barragem de menor profundidade e baixos custos ambientais. 3) Toda a usina será operada com sistema de automatização de alta tecnologia exigindo muito pouca mão-de-obra e não haverá moradias no local das máquinas nem próximas às barragens.
O mais importante é que hoje seria muito difícil encontrar interessados em um projeto de usina que envolve investimento de R$ 30 bilhões. Como ocorreu com Belo Monte, sem a participação da Eletrobras, que hoje está quebrada, fica impraticável levar o projeto de licitação adiante.
O que ficou acertado entre Michel Temer e o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, é que serão feitos novos estudos ambientais mais adiante para corrigir os erros do projeto atual que levaram a negativa do Ibama.
Sozinha, a Eletrobras investiu nestes estudos em torno de R$ 78 milhões. A Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) e outras empresas privadas investiram outro tanto, com o compromisso de que o vencedor da licitação da usina São Luís do Tapajós fará o reembolso destes recursos.
Temer quer deixar como seu legado o novo projeto de construção da Usina de São Luis de Tapajós para atender a demanda de energia que virá depois de 2020 com o crescimento da economia.