Líderes blindam Rodrigo Maia e articulam cassação de Cunha para setembro

Eduardo Cunha. Foto Orlando Brito

Os líderes dos partidos governistas na Câmara — tanto os do chamado Centrão, como os da antiga oposição (PSDB-DEM e PPS) — já praticamente acertaram o adiamento da votação do impeachment do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para setembro.

O argumento formal dos governistas — abraçado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) — é de que a prioridade do país é a votação dos projetos econômicos. Por isso, esta semana não poderia haver a votação da cassação, como Rodrigo chegou a anunciar no dia da sua eleição. Tem-se que aproveitar o quórum para votar os projetos mais urgentes.

Mas, para voltar atrás, Rodrigo cobrou solidariedade dos líderes governistas a fim de que não recaia sobre seus ombros a responsabilidade pelo adiamento.

Ficou combinado então que, na próxima quarta-feira, ele anunciará a data somente após uma reunião de líderes, em que todos dividam a responsabilidade.

A ideia é explicar que a votação da cassação não pode ocorrer na semana que vem porque, na segunda-feira, dia 15, expira o prazo para registro de candidatos. É a semana em que começa oficialmente a campanha eleitoral. Portanto, não se pretende votar nada nesta semana, já que se prevê um quórum baixíssimo, com os deputados voltados para suas bases eleitorais.

A semana seguinte é quando se inicia a votação final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Os líderes argumentam que não seria conveniente fazer, na mesma semana, a cassação de Eduardo Cunha. Poderia parecer que se está trocando uma coisa pela outra, dizem nas conversas reservadas.

Mas, como o julgamento deve durar até o dia 29 ou 30, ou seja, invadindo a última semana de agosto, o mais conveniente para os líderes do governo é deixar então para setembro a votação. Início de setembro, dizem eles.

Os líderes do PSDB, DEM e PPS argumentam que não faz mal. O importante é que o deputado será cassado. Mas o Centrão — bloco controlado por Eduardo Cunha com 12 partidos liderados por PTB, PP, PR e PSD — poderá tentar esvaziar as sessões a partir daí, jogando a votação para depois das eleições, em outubro.

“Aí é por conta e risco do Centrão. Eles que assumam o desgaste. Nós só vamos até o início de setembro”, jura um dos articuladores desse acordo.

E assim Eduardo Cunha vai ganhando tempo pára tentar tirar o processo de sua mulher e filha do fórum do juiz Sérgio Moro, em Curitiba.

Quem sabe Eduardo Cunha não chega até o final do ano com o cargo de deputado?

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