O tamanho do estrago

As próximas pesquisas eleitorais, as primeiras após a condenação de Lula em segunda instância, terão um peso político com que há muito não contavam. Os resultados sonolentos das últimas sondagens, colocando Lula persistentemente na dianteira, com Bolsonaro como alternativa mais próxima, e um terceiro pelotão embolado, deve mudar. Já na semana que entra, Ipsos, na terça, 30, e Datafolha, na quarta, 31, vão mostrar que direções tomaram as curvas dos candidatos após o duro golpe contra o ex-presidente no TRF4. Se Lula mantiver ou, especialmente, se ampliar sua vantagem (era de 34%, segundo o Datafolha de dezembro), estará somando argumentos – nada jurídicos – para aqueles, como os petistas, que defendem que sua candidatura é irreversível, e pretendem ir empurrando-na até que chegue ao STJ. Será mais difícil ficar insensível a uma esmagadora preferência popular, medida pelas pesquisas.

Se, no entanto, Lula cair, mostrando que uma parcela da população sentiu o impacto da condenação, desistindo de votar no candidato, sua vida se complica ainda mais. Aí será preciso observar para onde migraram os votos de Lula. Podem aumentar a desilusão geral com a política e ajudar a inchar o colchão de nulos e brancos. Ou se distribuir, em parte, para algum outro postulante de esquerda, como Ciro Gomes, do PDT, Manuela D´Avilla, do PCdoB, e Guilherme Boulos, do PSOL. Ou, quem sabe, fazem escala na candidatura de centro de Marina Silva, da Rede.

No Datafolha, há perguntas específicas sobre o tema, como se Lula deve, ou não, ser preso. O Datafolha também quis saber se a justiça brasileira persegue o ex-presidente, e se ele deve ser impedido de participar do pleito. O levantamento também traz Luciano Huck em três cenários, João Doria (PSDB-SP) em dois, Michel Temer (PMDB-SP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) em um.

Segundo Andreza Matais, na Coluna do Estadão, o PSB convidou o ex-ministro Joaquim Barbosa para disputar a eleição presidencial pelo partido. Se ele topar, terá que entrar na disputa e ver se vale quanto pesa. Haveria um pacto nas esquerdas de que, se Lula sair mesmo da disputa, quem estiver melhor nas pesquisas eleitorais entre maio e junho, seria o nome desse “campo progressista”. Com apoio do PT, se e quando a candidatura Lula for mesmo impugnada. O prazo final para o registro das candidaturas é dia 15 de agosto.

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