O presidente de Tuvalu

A reunião do presidente Temer com Eduardo Guardia, Valter Casimiro, Moreira Franco, Pedro Parente, Etchegoyen, Jorge Rachid, Padilha e Marum. Foto: Marcos Corrêa/PR

“E desse modo ele ia levando a vida, metade na repartição, sem ser compreendido, a outra metade em casa, também sem ser compreendido. Trecho de “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto

Pedro Parente “foi caído”. Temer ficou. Moreira ficou. Padilha ficou. Jungmann ficou. Marun – cada fim de governo tem o ministro-síntese que merece – ficou. Romero Jucá, líder do governo no Senado, ficou. Etchegoyen ficou. Joaquim Silva e Luna ficou. Eduardo Guardia foi “anexado”. Se fosse um álbum de figurinhas da Copa, seríamos o time da Costa Rica – aquela que parece vir em todo pacotinho e ninguém mais aguenta pela frente. A maioria dos que ficaram, a começar pelo presidente, não deve mais contas ao país, deve à Justiça. Isso ficará para 2019.

É engraçado ver que as sobras da administração Temer revelam de forma mais clara, qualquer que seja seu viés político, o tamanho do governo hoje. A saída de Pedro Parente acentuou o desmonte do governo ainda aceito por 4% a 6% dos brasileiros – provavelmente concentrados em uma certa esquina da Avenida Paulista e em alguns aquários de redação-, em particular na sua versão vendida como blindada aos malfeitos do mundo político: o ex-dream team do mercado. Henrique Meirelles abandonou a Fazenda para tentar uma candidatura impossível à Presidência. Maria Silvia Bastos deixou o BNDES. Parente foi pro saco. Restou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. O Brasil de Temer tem hoje menos de 26 km2, o tamanho de Tuvalu, o pequenino país-ilha do Pacífico.

A dimensão tomada pela greve dos caminhoneiros deixou apenas clara a incapacidade do governo para conter crises que ocorram fora de sua órbita de controle, o Congresso. Onde os preços das coisas estão tabelados. Ou seja, qualquer coisa no país real. A popularidade de Temer, que é baixíssima, vai zerar. Serão meses insuportáveis até a eleição, com propostas para todos os gostos. Não por acaso os canalhas defensores de intervenção militar se assanham. E os oportunistas – ingênuos? -que desejam uma antecipação das eleições – sinceramente, antecipar em três meses, fala sério! Sugerem o que? Na final da Copa? – voltam a mostrar sua cara.

Deixe seu comentário