O plano de fuga de Lula

Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. Lula vive hoje sua encruzilhada pessoal e política. Não está em jogo apenas seu futuro, traduzido na candidatura presidencial, que seria uma barbada se dependesse apenas das urnas. Mas seu passado, sua memória, seu legado – para usar uma palavrinha da moda. A condenação, com ampliação da pena, pelo trio do TRF4 – 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro -, jogou o ex-presidente num labirinto de entradas e saídas, onde uma escolha errada pode não ter volta. Desistir não está em questão, mas é preciso decidir onde apostar suas fichas, caso nada dê certo. O nó já está apertado o suficiente, mas tem gente no Judiciário que acha que sempre dá pra apertar um pouco mais. Que tal tirar o passaporte de Lula?

Foi o que decidiu o notório juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. Fez, como se diz, de caso pensado. O ex-presidente tinha uma viagem marcada na madrugada desta sexta, 26, para a Etiópia, na África, onde participaria de uma reunião da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a fim de discutir propostas de erradicação da fome no continente africano antes de 2025. Um evento da ONU! Leite deve ter recebido alguma informação de que um plano de fuga de Lula, via Etiópia, estava armado. Santa sagacidade!

A Polícia Federal foi notificada da decisão e tem como tarefa impedir o político de sair do país. Ao mesmo tempo, o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, foi orientado pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, a “dar ciência” ao ex-presidente na casa dele, “de modo a evitar constrangimentos”, segundo informou o governo. Realmente, uma tremenda consideração.

A decisão foi tomada no âmbito do processo que investiga um suposto tráfico de influência do ex-presidente na compra de 36 caças Gripen NG da empresa sueca Saab. Não, o timing da decisão não tem nada a ver com a condenação de Lula um dia antes.

Qual será a próxima decisão contra Lula? Toque de recolher? Ajoelhar no milho? Ficam algumas sugestões de sentenças para o próximo magistrado que quiser ganhar alguns holofotes:

– Corte compulsório da barba em praça pública.
– Ler as obras completas de José Sarney.
– Editar os discursos da Marina Silva.
– Assistir a próxima convenção do DEM.
– Fazer um curso de power point com Deltan Dallagnol.
– Ser estagiário no gabinete de Sérgio Moro.
– Usar uma tornozeleira eletrônica com o emblema do Palmeiras.
– Zerar o Candy Crush.
– Receber em primeira mão notícias de O Antagonista.
– Comprar da OAS um Triplex no Guarujá.

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