Nazismo.com: uniformes, capacetes e itens originais nazistas são comercializados livremente em site

Reprodução/ Mercado Livre.

Que tal comprar um souvenir nazista em um dos mais badalados sites de compras do mercado? Digamos, o popular Mercado Livre, empresa que realiza a comercialização de itens usados, voltada para a revenda de todo tipo de produto em seu site de marketplace. No momento em que movimentos de extrema-direita tomam ruas e redes sociais, vendendo seu ódio e intolerância, é quase inacreditável que produtos nazistas originais, com Cruz de ferro, suástica, e todos os elementos do chamado Terceiro Reich sejam vendidos livremente, como se fossem celulares, relógios e sofás.

O Mercado Livre, líder no setor, de olho na onda politicamente correta, chegou a realizar recentemente um encontro intitulado “Rumos do Consumo Consciente” – o que parece uma piada para quem não filtra o que vende. O que você quer? Um capacete alemão nazista original M-42, casco em ótimo estado de conservação, couro natural, com aro flexível interno de aço.

Um vendedor de São Paulo o tem. E avisa: só está vendendo a relíquia nazista original por 5 mil reais porque não conseguiu comprar uma Harley-Davidson Fat Boy. “Abri mão de um sonho”, diz, humilde. No total, a palavra “nazismo” remete a 668 resultados no site.

Uma Lei federal, a lei 9.459/97 artigos de 1 a 20, proíbe qualquer tipo de divulgação ou comercialização de produtos nazistas – “emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”. Dois a cinco anos de prisão de multa. O Ministério Público pode pedir a apreensão dos objetos à Justiça antes mesmo de um inquérito policial ser aberto. Mas, aparentemente, o Mercado Livre – e possivelmente outros sites do gênero, não tem filtro algum. É difícil saber quantos dos compradores de itens originais da Era Hitler são aficionados pelo nazismo ou mais do que isso – seguidores. Um consultor de marketing, que pediu anonimato, foi direto: “Nazismo é moda”.

Basta lembrar casos recentes como da marca catarinense Lança Perfume, que foi acusada de fazer apologia ao nazismo em sua coleção de inverno 2018. Com o tema “Uma Noite em Berlim”, as peças traziam referências do uniforme militar alemão usado durante a Segunda Guerra Mundial, além de símbolos como a Cruz de Ferro, condecoração característica dos tempos de guerra. A LaModa – dona da marca Lança Perfume – fez contorcionismos para tentar justificar o injustificável diante dos consumidores.

Difícil imaginar como mero item de colecionador, por exemplo, produtos que só tem importância porque tem o apelo “nazismo” como um selo de qualidade. Uma condecoração nazista com Cruz de Ferro, junto com “carteira militar” nazista, suástica estampada, pode ser comprada por R$ 900. Uma certidão de nascimento nazista – isso mesmo – pode sair por R$ 1.400. Um “capacete alemão nazista” da Segunda Guerra Original custa R$ 3.500. Uma baioneta nazista do Terceiro Reich, R$ 6.998. Uma moeda em circulação na Alemanha nazista – 1935 a 1945-, a Reichsmark, é negociada poe R$ 70. Há até francos de 1942 e 1943, época da França ocupada. Selos e moedas com rostos de Adolf Hitler são peças mais raras. Uma coleção de “selos antigos e raros da Alemanha Nazista” é vendida por R$ 90 mil. Um anel de prata com a suástica nazista sai por R$ 2.500. Há itens mais em conta para os, digamos, fãs.

Há, ainda, uma vasta coleção de livros, muitos simpáticos ao nazismo. O livro “Os Nazistas e o Ocultismo”, R$ 69,90. Entre os DVDs, a Coleção “Hitler Ascenção + Os Nazistas”, 5 Dvds, sai por R$ 39,99. O DVD “Ataque Nazista Coleção Grandes Guerras Original”, lacrado, sai por R$ 55,99. Os vendedores são em sua maioria de São Paulo (62), Rio de Janeiro (16), Rio Grande do Sul (9) e Paraná (8). Vendo esse festival de itens nazistas – de raridades a bugigangas – tenta-se imaginar, de um lado, quem é que tem esses itens. Alguns itens, de tão personalizados, sugerem que podem ser ex-oficiais nazistas ou descendentes. De outro, a imaginação nos leva à motivação de quem os compra. Se um site como o Mercado Livre se permite comercializar essas coisas, imagine o que se deve encontrar na deep web.

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