Uma outra visão da disputa pelo COAF

Sergio Moro - Foto Orlando Brito

Traficantes, grandes sonegadores do Imposto de Renda, criminosos de colarinho branco e da lavagem de dinheiro deliraram, com a decisão da Câmara dos Deputados, que manteve o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na estrutura do Ministério da Economia (ex-Fazenda). Certamente eles teriam uma vida mais dura e inclemente se o Coaf tivesse sido transferida para o Ministério de Justiça. Mas os políticos, temerosos da investigação sobre seus atos de corrupção, foram colocados na linha de frente deste embate. Um deles, um dos filhos do presidente da República.

Nenhum dos criminosos citados no início do parágrafo anterior queria ficar nas mãos do ministro da Justiça. Todos queriam o conforto e a falta de atenção do ministro da Economia. Mesmo criado no âmbito do Ministério da Fazenda, em 1998, o mais adequado sempre foi colocá-lo na Justiça. Afinal, quem dirige a Polícia Federal (PF) tem mais condições de trabalhar na “prevenção e combate à lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo”. São essas as competências do Coaf, segundo os seus artigos 14 e 15.

A decisão da Câmara indica que tudo continuará como antes, regido pela malemolência e o segredo, para aqueles crimes cometidos por grandes grupos econômicos e pelos criminosos. Tudo indica que eles continuarão impunes e que seus crimes deixarão para ser julgados nas calendas gregas e a punição ficará também para aquele dia que nunca vai chegar. A manutenção do COAF na Economia também impedirá que se saiba de que barro é feito o ministro da Justiça. Qual o seu foco de atuação? Se ele iria atrás dos grandes ou continuaria se banhando com a raia miúda.

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