Uma análise divergente: placar da denúncia indicaria Temer fortalecido

Presidente Michel Temer deixa o HMAB (Hospital Militar de Área de Brasília) após realização de exames. Foto Beto Barata/PR

Esta manhã já apareceram analistas de empresas especializadas mudando de opinião, passando a admitir que o governo Temer pode ter saído fortalecido do episódio da licença. O resultado numérico indica duas coisas: primeira, a base de sustentação pôde absorver sem grandes problemas um número elevado de dissidências. Segundo, o número das forças rebeldes dentro dos partidos da base não se repetirá nas votações das reformas.

O beco escuro em que se meteu a oposição, segundo esses especialistas, revela-se pelo que se ouviu no plenário em declarações de voto ou discursos de lideranças ou parlamentares dos partidos da esquerda.

Baixo conteúdo político para desmontar a proposta reformista do governo. A Oposição está concentrada em discursos sem força para enfrentar a maré situacionista, limitando-se a slogans e diatribes sem efeito político, como os habituais fora Temer, governo ilegítimo e outras como a mais recente volta à escravidão. Não há sustentação para derrubar a sólida maioria governista.

A tese na esquerda é que tais slogans poderão levar o eleitorado a rejeitar os candidatos governistas. Entretanto, pesquisas qualitativas, muitas já divulgadas na imprensa sem grande destaque, acusam um efetivo descolamento do presidente Michel Temer da conjuntura, o que é surpreendente. Como Temer não é candidato, essa ação se perde e os bordões que diziam no microfone se esvaem como palavras ao vento.

A eleição na Argentina está sendo analisada pelos especialistas como o fracasso desses bordões. Também no Brasil o discurso das reformas deverá se impor nas próximas eleições. Diante disso, o situacionismo está procurando consolidar suas posições nos Parlamentos, que é onde está sua força de mobilização.

Assim, a base governista analisando voto a voto dos dissidentes na declaração de voto no plenário da Câmara, tem maioria sólida para aprovar as reformas. É bom lembrar que os dissidentes justificavam seus votos contra Temer no microfone do plenário como coerência com o voto anticorrupção que deram no impeachment de Dilma Rousseff. Isto não compromete posições futuras nas votações de reformas.

Ou seja: o voto contra o Palácio do Planalto não tem significado de rompimento com as propostas do governo. Pelo contrário.

Além disso, Temer pode absorver com tranquilidade a infidelidade momentânea de alguns aliados. Isto ficou patente.

Por fim, foi muito oportuno o incômodo urinário do presidente, pois na hora em que se sentiu acometido pela obstrução da próstata (um acidente perfeitamente aceitável num homem de sua idade), o famigerado Centrão cobrava liberação de emendas para votar com o governo. No Hospital, submetido a procedimentos, não pôde atender telefonemas. Logo em seguida de sua remoção para o Hospital do Exército o quórum foi completado.

Segundo estes analistas, outras lideranças da esquerda clássica estão articulando, fora de Brasília, um novo discurso para o período eleitoral, distante desses bordões das bancadas na Câmara e Senado e também distante das candidaturas salvacionistas. Por aí vem.

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