O Gambito do Bispo ou o Rio em tempos de pandemia e eleição

O amanhecer do Rio em tempos de pandemia e eleição - Foto Carlos Monteiro/Parceiro/Ag. O Globo

No Rio não se fala em outra coisa: eleições. Como bom carioca, não poderia escrever sobre outro assunto.

Mas, o que andam falando alto pelos botecos e gritando nos mercados que, aliás, andam lotados mesmo em tempos de pandemia com números crescentes? Falam do xadrez que se tornou a disputa pela gestão da prefeitura da Cidade Maravilhosa e da série da Netflix “Gambito da Rainha”.

No tabuleiro do jogo o objetivo é ‘conquistar o rei adversário’, por aqui, se traçam novas estratégias e regras. A ideia é derrubar o bispo, deixá-lo desprotegido pelos guardiões, leia-se peões em movimentos rápidos e definitivos.

Eduardo Paes em campanha

Há um movimento, com articulações até da esquerda, apoiando, no segundo turno, para burgomestre da cidade, Eduardo Paes, Dudu como ele gosta de ser chamado. Uma coisa é fato: Dudu gosta do Rio, tem carioquices no sangue, gosta de samba, é bom sujeito.

Nos papos com meus amigos aos sábados na Livraria da Travessa de Ipanema, suspensos pela pandemia e agora virtuais e na Casa Villarino, berço eterno da Bossa Nova, suspenso pelo encerramento de suas atividades, a conversa, quando se refere ao alcaide atual, é sempre a mesma: “a cidade está abandonada”, “a cidade perdeu o rumo”. Reclamar ao bispo? Não adianta, não surte o menor efeito.

Leblon: tempos de pandemia e eleição

Nas praias, que também andam, insanamente, apinhadas de gente bronzeada mostrando seu valor, como se não houvesse amanhã ou, quem sabe, o Sol não vai aparecer no dia seguinte – teve até luau no Arpoador – o assunto se repete: quem será?

Taxistas estão divididos pelas ruas, esquinas, automóveis e avenidas; acham que Paes não os defende. Uberistas sussurram em seu dia a dia, por praças, viadutos que ele quer acabar com os aplicativos.

Quem governará o Rio? – Foto Carlos Monteiro

Os candidatos se digladiam em acusações mútuas e múltiplas, discursão de plano de governo? Qual o quê. Um vaga de fake news, como uma onda no mar, se espalha pelas redes sociais. Meu porteiro, sábio seu João, me disse a frase lugar comum mais cabível para este momento: “Carlos, estamos entre a espada e a cruz”!

Vou para o Bar Lagoa, pedir um chope, um kassler com salada de batatas e ouvir a opinião, sempre muito embasada dos queridíssimos Zeca, Alfredo, Chico e Gomes.

Quem conquistará o rei?

— Carlos Monteiro é Jornalista

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