Mercado erra ao apostar na instabilidade de novo

Centrão que apoiou Alckmin, agora quer ir para Bolsonaro

A aliança do pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB) com os partidos do chamado “centrão” animou o mercado financeiro, além de parte do empresariado e da classe política. Fisiológica e pragmática, essa união tirou a candidatura do tucano da UTI e deu esperanças ao bloco, que apoia o governo Temer, de se manter no poder.

Contudo, apesar de esperado, o apoio de boa parte da elite econômica à candidatura de Alckmin se mostra desacertado e irracional. Isso, uma vez que a aliança tucana-centrão pode trazer elementos inequívocos de instabilidade política, mal que assola o Brasil e é apontado por agências internacionais de risco e economistas como o motivo da lenta recuperação econômica e do baixo investimento estrangeiro no país.

O elemento de incerteza que cerca Alckmin é a Lava Jato. Apesar do presidente da República ter proteção constitucional que impede investigações de fatos estranhos ao mandato, a difusão de algum fato novo na imprensa de algum processo investigatório, ainda que suspenso, pode fragilizar o tucano, se eleito, originando um ingrediente de instabilidade. E é aí que a aliança com o centrão pode ser tóxica.

Por si só esse bloco, composto por partidos como DEM, PP e PRB, já vem gerando instabilidades, seja no excessivo apetite por pedaços do Estado, ou por patrocinar pautas irresponsáveis, do ponto de vista fiscal, no Congresso Nacional. Como agravante, se Alckmin for eleito, o Centrão deve ter a vice-presidência e o controle da Câmara dos Deputados.

Ou seja, existe a possibilidade de um governo instável amparado em um bloco instável e ambicioso por poder. Tudo isso numa realidade de investigações cada vez mais profundas e de dificuldades do governo em cumprir as leis orçamentáveis, aquelas mesmas que fundamentaram o último impeachment presidencial.

Assim sendo, fica difícil explicar a simpatia de parte do establishment econômico por uma união tão flutuante, ainda mais depois da trágica experiência do governo Temer. Afinal, economistas não cansam de dizer que uma recuperação econômica saudável, forte e equilibrada só se dará num ambiente político harmonioso e confiável. E, nesse momento, a aliança PSDB-Centrão vai na contramão disso.

Deixe seu comentário