Lula não joga sozinho como “ideia”

Na última rodada de pesquisas, Lula e Fernando Haddad cresceram. Analistas já dão de barato que o Plano B estará no segundo turno. Gilmar Mendes “parabenizou” a Lava Jato. O “fracasso” da operação em sua “perseguição” a Lula teria motivado a reação dos petistas. Certos tucanos oscilam entre propor a união com os petistas no segundo turno para derrotar o capitão Bolsonaro e o namoro com Marina Silva, descrentes na decolagem de Geraldo Alckmin.

Clima total de “pode Jair se Haddaptando”, pois Lula, a ideia, funcionou. Um pouco antes, por causa da comparação com a gestão Michel Temer (MDB-PSDB-Centrão), o PT já acreditava que a sociedade seria levada a escolher entre um “rouba, mas faz” popular x combate “hipócrita” à corrupção. Tanto o PT quanto o PSDB parecem convergir em torno do “não foi pela corrupção”. Isto é comprovado quando tucanos acreditam que os votos de Álvaro Dias poderiam ser seus no Sul, em caso de desistência pró-Alckmin. O mesmo quando petistas creditam o impasse de Alckmin ao governo Temer e não à Lava Jato.

Porém, nas mesmas sondagens que registraram as boas notícias para o ex-presidente e o ex-prefeito, há indicadores que apontam em outra direção. Sem ser específico sobre os institutos, 61% se declararam contra os privilégios do establishment estatal e a honestidade emergiu como a característica mais desejada pelos eleitores. O Sr Ninguém lidera as pesquisas espontâneas, oscila na vice-liderança e o terceiro lugar nas estimuladas, vai de 20% a 40% no segundo turno a depender do cenário, mas englobando os que estão presentes tanto Lula quanto Bolsonaro.

Sérgio Moro

O Barômetro Político Estadão-Ipsos​, divulgado​ em 20|08,trouxe o ex-presidente com aprovação de 47% , embora com rejeição de 51%. Todavia, ele não deverá ser candidato. Emparelhado aparece o juiz Sérgio Moro, com 41%. Ele também não estará na urna eletrônica, mas, assim como Lula, representa uma ideia: a rejeição ao establishment, embalada como a esperança de o Brasil seguir punindo corruptos e ver os impostos saindo do bolso dos políticos para a saúde, o emprego e a segurança.

Uma ideia que pode não estar tão distante assim de encontrar um avatar, devidamente preenchido pelo Sr Ninguém. Afinal, é uma eleição onde os tidos como os mais competitivos são ou poderão ser, em breve, réus.

Leopoldo Vieira, editor do relatório de análise de cenários Idealpolitik, é especialista em Administração Pública pelo IESB, com atualização em Engaging Citizens: A Game Changer for Development, pelo Banco Mundial.

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