Hillary Clinton está de olho na Casa Branca

Hillary Clinton

A derrota que atingiu a democrata Hillary Clinton em 2016 chocou profundamente os Estados Unidos e o resto do mundo. Se, por um lado, despertou calorosas manifestações de apoio à ex-primeira dama, por outro explodiu a base dos tradicionais políticos no arraial do Tio Sam. Ela está de volta! Hillary Rhodam Clinton foi vista em diversos eventos em Nova Iorque, Los Angeles, Miami e Chicago, após passar alguns meses isolada na sua milionária mansão em Chapaqqua – subúrbio de Nova Iorque. Em “Hillaryland”, as mensagens eletrônicas começaram a ser transmitidas nas últimas semanas em um senso de urgência e vêm com frequência crescente e assustadora. São reações curtas e focadas ao mais recente “ultraje” cometido pelo lunático presidente Donald Trump.

Há um cheiro de campanha presidencial no ar.

Algumas notas de Hillary acabam solicitando dinheiro, outras pedem participação em protestos e passeatas. Todas são lidas e reverenciadas como se fossem enviadas pela sede oficial da resistência marxista-leninista-maoísta. Há, entre essas mensagens, um evidente traço em comum: a democrata Hillary Clinton está tramando alguma coisa. Nos últimos trinta dias, o PAC (Comitê de Ação Política — organização de simpatizantes destinadas a levantar fundos para campanhas eleitorais para cargos federais nos Estados Unidos) da esposa do ex-presidente Bill Clinton, enviou sete aterrorizantes e agonizantes mensagens. A maioria com títulos convidativos e apelativos: “trágica separação de famílias na fronteira”, “por que as famílias estão separadas na fronteira dos EUA? Em uma das notas transmitidas pela facção democrática, “bárbaro”, ela escreveu em meados do mês de junho: “Esta é uma crise moral e humanitária. Não podemos ficar de braços cruzados. Cada um de nós que já carregou uma criança no colo, e cada ser humano com sentimento de compaixão, decência e compadecimento deveria estar indignado, enfurecido e perplexo”. Hillary disse que alertou sobre as políticas de imigração de Trump durante a campanha de 2016. “Avisei, mas ninguém me escutou”, desabafou.

Donald Trump/Foto Casa Branca

Nesse quadro, não será difícil deduzir que a esposa de Bill Clinton ainda sonha com a Casa Branca. No dia 21 de junho, ela estava de volta, dizendo que o seu PAC, “Onward Together”, havia arrecadado US $1 milhão (cerca de R$ 3 milhões e 900 mil). Hillary idolatra o dinheiro e o poder mais do que os pastores da Igreja Universal. Segundo ela, a quantia arrecadada seria dividida entre diversas organizações que trabalham para mudar a política de imigração. O peculiaríssimo léxico do Quartel General de Hillary Clinton ensina, por exemplo, que o país de Trump atravessa uma severa crise institucional. Atuando em setores estratégicos da política norte-americana. Com a aposentadoria do juiz da Suprema Corte Anthony Kennedy, a ex-primeira Dama dos EUA criou outro PAC, “Demand Justice”. Hillary promete proteger os “direitos sexuais e reprodutivos, direito do voto a todos os cidadãos, e acesso aos serviços de saúde”, mantendo senadores democratas unidos em oposição a qualquer candidato conservador do presidente Trump.

A presidência de Donald Trump abalou o Partido Democrata em todos os seus segmentos. O partido está amarrado em uma batalha entre conservadores e a extrema-esquerda, nenhum líder emergiu para unir todas as correntes ideológicas. A esposa de Bill tenta incorporar o espírito da Madre Tereza de Calcutá: salvar a democracia americana e o planeta. A ex-secretária do Departamento de Estado está tentando desempenhar o papel de mãe adotiva dos novos membros do partido: “os trotskistas que moram no Upper West Side”. É a mesma coisa se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quisesse ser o mentor dos discípulos de Che Guevara que estudam na Universidade de Brasília (UnB) e residem nas mansões do Lago Sul e Park Way. Se eles estivessem ativos nas eleições de 2016, a juventude socialista democrata provavelmente apoiaria Bernie Sanders — a versão americana de Eduardo Suplicy. Ajudando a financiá-los agora, Hillary está semeando para o futuro.

A história se repete nos Estados Unidos. No circuito Washington-Nova Iorque – Los Angeles, os comentários são de que a ex-primeira dama está planejando, bem no estilo mineiro, entrar no Grand Prix Casa Branca-2020. Os milionários democratas sinalizam que não vão assinar pomposos cheques para a mãe de Chelsea Clinton. Segundo eles, “ela perdeu o bonde da história, além de ter executado uma campanha desastrosa em 2016”. Os marqueteiros de plantão na capital americana frisam que“ desempenhar o papel de vítima 24 horas é cansativo e o eleitor quer uma mensagem positiva para o futuro”. É hora de encontrar sangue novo.

Alguns atores de Hollywood querem distância da ex-primeira dama americana. A atriz-ativista Susan Sarandon disse que Hillary Clinton teria sido um perigo para os EUA e para o planeta se tivesse vencido a corrida de 2016 contra Donald Trump. Sarandon fez campanha para o socialista Bernie Sanders no primeiro turno, e votou na candidata do Partido Verde Jill El Stein nas eleições gerais. As elites querem um “sucesso de bilheteria” e não uma política com vocação para o caos e dramalhão mexicano.

A tarimbada jornalista Maureen Dowd já cobriu nove eleições presidenciais. As duas últimas tiveram um sabor diferente para a premiada colunista do New York Times. Motivo: Hillary estava no páreo. A jornalista odeia os “Clintons” — particularmente Hillary. Com o passar dos anos, Dowd a rotulou de “evasiva”, “desonesta”, ”dominatrix” e “garota viril”. Dowd incessantemente escreve sobre o “casamento nojento” entre Bill e Hillary — certa vez descreveu o matrimônio dos dois como um “arranjo repugnante”. Semanas atrás, os pombinhos Hillary e Bill resolveram apoiar o comércio local de Mount Kisco, subúrbio de Nova Iorque. Dowd diria que é uma ocasião rara presenciar os dois juntos em público — com exceção de eventos políticos e empresariais. Os dois foram vistos jantando no restaurante mexicano La Camelia. Bill estava cumprimentando, abraçando e tirando fotos com os clientes da casa. Não se pode negar: há uma forte conexão entre o ex-presidente e o eleitorado. Hillary, no entanto, estava sozinha na mesa, de cara fechada, cercada de agentes do serviço secreto. “Eu amo Hillary”, disse o senador Al Franken, de Minnesota. “Ela tem que analisar e refletir o que aconteceu na campanha em 2016. Temos que seguir em frente. ”

“Estou cansada de ser candidata”, ela confessou durante a entrevista para a revista semanal “Sunday Morning” da rede norte-americana CBS. Então ela está acabada, certo? Talvez. Por outro lado, a hipótese é quase zero que Hillary está atuando com zelosa organizadora comunitária apenas para ser rotulada como uma boa samaritana. Assim, a questão política é, na verdade, uma questão econômica. Os inimigos do casal de Chapaqua dizem que “quando se trata de controle, manipulação, dinheiro e poder”, os “Clintons”acreditam que a caridade começa em casa.

Cenário nacional

Não há um favorito entre os democratas, dezenove meses depois da posse de Trump. Ela continua sendo a candidata mais próximo do cargo. Hillary tem inúmeras vantagens, desde o reconhecimento do nome até a experiência de campanha. O meio de campo está congestionado com potenciais candidatos à Casa Branca. É bom destacar que o marido de Melania sobreviveu dezesseis republicanos rivais. Trump tinha uma sólida base de apoio e foi crescendo durante as primárias do partido. Clinton se encontra na mesma situação: odiada por muitos, mas imbatível por um único adversário. Com o cenário das primárias de 2020, Hillary não vê motivos para temer as filhas e os filhos favoritos nos principais estados democratas. Ela derrotaria a senadora Kamala Harris, da Califórnia, o senador Cory Booker, de Nova Jersey, e o governador. Andrew Cuomo em Nova Iorque.

O financiamento da campanha não é um problema. Alguns doadores resistirão a Hillary no início, mas qualquer candidato democrata pode contar com o trunfo. E por favor — esqueça o socialista Bernie Sanders e o ex-presidente Joe Biden. Sanders já tem 76 anos e Biden, aos 75 anos, nunca foi um candidato viável para presidente e ainda não é. Segundo analistas políticos, a próxima eleição presidencial não é por dois anos e três meses, mas não é prematuro para inferi que alguns políticos não deveriam estar nela. O ex-vice-presidente Biden é um deles. Senadores democratas Sanders e Elizabeth Warren devem se desculpar e tirar os seus cavalos da corrida. Trump deve se contentar com um mandato, se ele durar tanto tempo. O que esses políticos têm em comum é que elas passaram a data da “venda presidencial”. Biden completaria 78 anos no dia da posse em 2021. Sanders teria 79 anos, Warren 71 e Hillary 73. O marido de Melania teria 74 anos e seria o homem mais velho eleito para a casa Branca. Há muitos empregos que podem ser bem executados por pessoas de idade avançada. O cargo mais cobiçado do planeta Terra: a presidência dos Estados Unidos não é um deles.

O ator Ronald Reagan tinha 78 anos quando deixou a Casa Branca. Ele já apresentava sintomas da doença de Alzheimer. Trump já pode estar sofrendo declínio cognitivo, a julgar pelo seu comportamento desde que passou a ocupar o endereço mais cobiçado do planeta: 1600 Pennsylvania Avenue NW – Washington, DC 20500. Não surpreenderia diversos jornalistas e médicos de plantão se algum dia descobrisse que ele é portador do mal de Alzheimer, como seu pai era.

Saúde física e mental na corrida à casa Branca

Mrs. Clinton não pratica “jogging” — a vida esportiva dela nunca foi registrada pela imprensa. A ex-primeira dama tem sérios problemas de saúde. A deterioração mental é apenas uma preocupação. O presidente é cercado por demandas incessantes que exigem uma grande quantidade de energia física e emocional. Algumas pessoas na faixa dos 70 possuem energia e vitalidade necessárias para o exercício do cargo, mas não é o caso dos favoritos à Casa Branca em 2020.

Ex presidente Barack Obama. Foto Orlando Brito

A assessoria de Hillary não trabalha com a hipótese de ter um candidato mais jovem — seria um pesadelo para os seus assessores. Um postulante mais jovem poderia se tornar o próximo Barack Obama. De qualquer forma, péssimas recordações das duas derrotas anteriores voltariam a vagar pelos arraiais de Chappaqua — domicílio eleitoral da família Clinton.

Poderia ser aceitável dar um luxuoso escritório para uma pessoa idosa se a remoção pudesse ser feita de forma rápida e simples — sem nenhum trauma para o país, e, principalmente para a economia. Mas esse não é o caso do líder do “Free World”, que precisa se equilibrar no pântano de corrupção ativa e passiva que é a capital norte-americana. Até os viciados em jogos de azar reconhecem que “então é melhor não aceitar a aposta”. É muito risco em todos os níveis. Em algum momento, os eleitores que há muito veem um presidente no espelho precisam reconhecer que seu tempo passou e abrir caminho para candidatos mais jovens. A política nos Estados Unidos e no resto do planeta precisa de caras novas.

Os maiores partidos (Democrata e Republicano) não têm escassez de líderes jovens, talentosos e ambiciosos. Em 2020, os eleitores devem escolher entre dois deles. Por ora, analistas americanos estão convencidos de que a esposa de Bill quer ir em frente. Os médicos de plantão em Washington (DC) dizem que há duas opções para curar a “coceira presidencial”: eleição ou morte.

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