A corrida eleitoral começou no sertão da Paraíba

Foto: Ricardo Stuckert

Ricardo Stuckert, o fotógrafo oficial do Instituto Lula voltou do sertão paraibano com um repertório lindo de imagens. Uma multidão de gente vestida de vermelho. Luiz Inácio Lula da Silva usando um chapéu de vaqueiro para aspergir água nas pessoas. Gente mergulhando e nadando nos reservatórios. Lula transformando o pó em água. De novo, o imaginário de São Lula. De novo, o imaginário do Pai dos Pobres. No dia 19 de março, no meio da caatinga sertaneja, começou a corrida eleitoral de 2018.

Sempre se soube que qualquer reação petista teria de começar pelo Nordeste. Ali, sempre foi menor que nas demais regiões a construção do sentimento contra o PT que veio das denúncias da Operação Lava-Jato, do noticiário sobre as pedaladas que derrubou Dilma Rousseff e do agravamento da crise econômica que Dilma ignorou na sua campanha de reeleição e depois não conseguiu contornar. No Nordeste, onde está a maioria dos beneficiários dos programas sociais reunidos no Bolsa-Família, é menor o impacto de tudo isso, ainda que ele também exista. O retrato da divisão Sul/Norte que as urnas das últimas eleições presidenciais mostraram permanece.

No caso do fim de semana, a impressão que fica é de uma certa legitimização pela população sobre quem ela considera realmente a responsável pela chegada da água, com a transposição do São Francisco. Na verdade, algo justo. De fato, esse foi um projeto levado adiante por Lula no início do seu primeiro mandato. Um projeto que começa a se completar agora. Sempre será possível questionar por que atrasou e demorou tanto. E é bem possível que uma apuração mais detalhada sobre as razões dessa demora acabe depois provocando certos questionamentos e desconfortos.

Também é possível que mais à frente a briga pela paternidade da transposição do São Francisco se inverta. Se a água chega no sertão, por diversos erros ela falta na sua origem. Projetos de irrigação equivocados, assoreamentos, etc. Sempre se questionou que o projeto não levava em conta que o São Francisco está secando. Se a água é menor no seu leito original, será que ela dará para os novos consumidores que passarão a se beneficiar dela? Se houver no futuro um dano ambiental mais grave, quem assumirá realmente como pai da criança?

Neste momento, no entanto, a massa que apareceu na cidade de Monteiro parece creditar a Lula a chegada da água. Ficou claro ali que o principal líder do PT ainda reúne suas velhas capacidades de arregimentar gente ao seu lado. Após o evento, seus aliados já discutiam nesta segunda-feira (20) uma estratégia de realizar outros eventos parecidos.

Lula vai às ruas. E esses comícios começarão a movimentar o cenário eleitoral. Deverá mover seus adversários no mesmo sentido. O que pode impedí-lo? Um entendimento do Supremo Tribunal Federal de que não possa ser candidato por ser réu. A estratégia petista é colocar Lula nas ruas – se ele conseguir reunir multidões – a gerar uma pressão popular contra esse entendimento. Um entendimento que, dada a altura da lama gerada pela Lava-Jato e afins, não atinge somente a ele. Há outros aspirantes ao cargo de presidente na mesma situação.

O jogo começou…

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