Campanha política sem dinheiro inicia corrida de candidatos às vitrines permitidas

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Vai começar a corrida às vitrines. Reeleição para governadores e senadores é mais viável que candidaturas de oposição. Um ministério ou secretaria nos estados, nos municípios ou cargo de dirigentes de entidades com bastante visibilidade é melhor que tempo de tevê, para candidatos. Tudo coisa da nova legislação que o Congresso acaba de mandar para a caneta do presidente Temer.

Assim que a nova lei eleitoral for sancionada, abre-se a temporada de impugnações e denúncias. O espaço de luxo das campanhas que era dos marqueteiros abre alas para as novas estrelas, os advogados. Uma grande parte da luta entre os candidatos se dará nos tribunais, procurando tirar os competidores de campo no meio do jogo. São tantas restrições que dificilmente um candidato, principalmente os majoritários, escapará de pisar na bola. E aí, cartão vermelho.

Um exemplo: a campanha política somente poderá ser levada a efeito a partir de maio de ano que vem. Entretanto, há candidatos na rua já atuando de acordo com as novas normas, atacando o eleitorado em corpo a corpo, pois não haverá tempo útil na tevê, pelo menos no primeiro turno. Então é pé na estrada. Tal como já estão fazendo Lula, Dória, Marina e Bolsonaro. Os périplos dos presidenciáveis seriam antecipação de campanha?

Também sem tempo e com restrições financeiras para a produção dos programas eleitorais, muda a estratégia dos candidatos a governos estaduais. Candidatos apoiados pelo Executivo no poder terão uma grande vantagem, maior ainda se for candidato à reeleição ou originário do secretariado. A exposição tanto na mídia como em atos públicos, justificáveis pelo exercício da administração, serão um biombo para esconder a campanha antecipada. Como a Justiça Eleitoral vai definir uma inauguração se o secretário de estado da área for um deputado federal que dali a meses estará disputando votos na rua?

Serão os mecanismos legais suficientes para barrar esses abusos e gambetas? Dificilmente. Vai se iniciar, isto sim, uma corrida de parlamentares e membros do executivo pelos cargos que possam dar visibilidade. Na União, estados e municípios esperam-se muitas reformas de secretariado e posições que justifiquem os titulares a entrar sem que isto possa dar motivo a impugnações. No entanto os advogados estarão ali atentos ao menor deslize que sirva para atrapalhar a ação de concorrentes da clientela.

A nova lei é um aleijão legal, pois se aplica em cima de uma coluna central criada para outro sistema, rico e livre de amarras. Os limites do tempo da campanha, marcando datas para seu início, visavam conter o poder de candidatos. Entretanto, este mesmo dispositivo, numa teia legal restritiva, é brecha para ilegalidades e impugnações. Vai ter mais briga nos tribunais que nas ruas. Quantos sobreviverão até o dia do pleito?

Este viés é apenas um detalhe da colcha de retalhos que virou essa legislação e que vai criar a grande confusão de 2018. Só para lançar um assunto para o próximo artigo: o uso de robôs de internet no Exterior é uma realidade. É incontrolável.

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