STF reabre com amplo desagravo à tentativa de golpe dos bolsonaristas

É também um antídoto à ofensiva bolsonarista de virar o jogo na eleição no Senado com a ilusão de encurralar o STF

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto - Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na coreografia entre os poderes, a liturgia às vezes evita descompassos. Nessa quarta-feira (1), os Três Poderes da República se reencontram em solenidades constitucionais após suas sedes históricas terem sido vandalizadas por uma tentativa canhestra de golpe de estado, com o apoio ou omissão de forças públicas de segurança.  O que mais assusta, com as primeiras apurações do sucedido, é que havia uma chance de em um primeiro momento ter dado certo.

Alto Comando do Exército – Foto Centro de Comunicação do Exército

A forte reação da sociedade e dos poderes da República e a recusa de generais do Alto Comando do Exército em embarcar nessa maluquice abortaram o golpe. Depois que o golpe fracassou, ninguém mais quer assumir sua paternidade. Nessa quarta-feira, às 10 da manhã, a sessão de reabertura dos trabalhos do STF, em um plenário destruído e reconstruído em tempo recorde, haverá um desagravo ao inusitado ataque à democracia.

Se em outros anos, a reabertura do ano Judiciário era burocrática, com discursos protocolares, dessa vez será diferente. Além da fala da presidente do STF, ministra Rosa Weber, Lula e Rodrigo Pacheco, presidentes dos outros poderes, também vão se manifestar, em uma mudança da coreografia habitual, mas com amplo significado, a defesa enfática da democracia.

Arthur Lira e Chico Alencar

No mesmo horário da sessão do STF começa na Câmara dos Deputados um jogo de cartas marcadas. Arthur Lira será reeleito presidente da Câmara, com apoio de lulistas e bolsonaristas, numa ampla convergência do fisiologismo de sempre, mascarada ou não por supostas divergências ideológicas. Evidente que a candidatura de protesto do deputado Chico Alencar, do P-Sol, vai apenas marcar posição, com um discurso crítico da atual gestão de Arthur Lira, em sua trágica parceria com Jair Bolsonaro. É jogo jogado.

Senador Rodrigo Pacheco
André Mendonça e Davi Alcolumbre – Foto Marcos Brandão/Senado Federal

O único suspense é a disputa pela presidência do Senado, marcada para a tarde da quarta-feira. Nos últimos dias, a reeleição de Rodrigo Pacheco, tida como favas contadas, começou a sofrer alguns revezes por conta da explícita gula do colega Davi Alcolumbre, que ficou com a boca torta pelo uso e abuso do cachimbo do Orçamento Secreto.

Nos últimos anos, Davi Alcolumbre se notabilizou por criar dificuldades em defesa de seus interesses, como na apreciação pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado da indicação de André Mendonça para o STF. Alguns senadores seguem esse método nos bastidores da sucessão no Senado, estão pondo preço por seus votos. Outros querem implodir a dobradinha para sucessivas troca no poder entre  Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre.

Tudo previsível. Na Câmara, a farra segue mais ou menos na mesma toada. No Senado, o que já não está bem pode piorar com a improvável eleição do bolsonarista Rogério Marinho.

A conferir.

Deixe seu comentário