O necessário armistício entre a velha e a nova política

O presidente Bolsonaro

O primeiro mês do governo Bolsonaro, que termina hoje, mostrou que lidar com os problemas reais do país é bem diferente e muito mais complexo do que o presidente da República, sua equipe e mesmo seus eleitores mais confiantes poderiam imaginar.

Buscas por vítimas na tragédia de Brumadinho. Ricardo Stuckert, Fotos Públicas

Em apenas 31 dias, Bolsonaro já teve de encarar os ataques do crime organizado no Ceará, a tragédia de Brumadinho e a novela das movimentações financeiras atípicas de Flávio Bolsonaro e seu ex-motorista, o que obrigou o presidente a admitir que seu filho poderá ser punido se for constatado algum crime.

Para coroar essa tumultuada estreia de Bolsonaro no Planalto, o IBGE divulgou nesta quinta-feira (31) que a falta de trabalho segue sendo uma das faces mais duras da realidade de nada menos do que 26,9 milhões de brasileiros.

A taxa média de desemprego no Brasil em 2018 ficou em 12,3%, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Deputado Rodrigo Maia e o senador Renan Calheiros

Essa realidade que bate à porta do governo Bolsonaro poderá se complicar ainda mais a partir de amanhã, quando a Câmara dos Deputados e o Senado retomam suas atividades e elegerão seus novos presidentes.

Isso porque os candidatos favoritos aos postos de comando no Congresso Nacional não correspondem à expectativa de boa parte do eleitorado de Bolsonaro, que terá obrigatoriamente de estabelecer um canal de diálogo com os representantes da velha política brasileira, tão criticados e combatidos durante a campanha eleitoral do ano passado.

Os ministros Onyx Lorenzzonu e Paulo Guedes. Foto Valter Campanato, Agência Brasil

Esse armistício entre a nova e a velha política será fundamental para que Bolsonaro consiga aprovar a reforma da Previdência, prioridade número um da equipe do ministro Paulo Guedes, e mesmo dar prosseguimento aos planos do ministro Sérgio Moro de enfrentamento à corrupção no país.

Também facilitaria a vida do novo governo guardar as armas na inevitável relação que terá com a imprensa brasileira e mesmo internacional até o fim de 2022, como bem fez o vice-presidente Hamilton Mourão durante sua primeira interinidade como presidente em exercício.

Resta saber o que os novos ocupantes do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios aprenderam com o Brasil real neste mês de janeiro.

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