O delírio de Bolsonaro para virar o jogo no bicentenário 7 de Setembro

Mesmo com o mais explícito estelionato eleitoral, Bolsonaro teme derrota e planeja virada de mesa

Jair Bolsonaro, presença de militares no primeiro escalão do governo federal - Foto Marcos Corrêa/PR

 

Sérgio Reis e Zé Trovão

O ensaio geral ocorreu no ano passado. Em reunião no Palácio do Planalto de Jair Bolsonaro e alguns ministros com o cantor Sérgio Reis, o caminhoneiro Zé do Trovão e o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja, Antonio Galvan, foi batido o martelo de um golpe contra a democracia. O delírio ali é de que megas manifestações em Brasília e em São Paulo puxariam um arrastão de caminhoneiros contra o STF e outras instituições que paralisariam o país.

Michel Temer e Jair Bolsonaro – Foto Orlando Brito

Deu ruim no ensaio. As manifestações foram bem aquém do esperado. As multidões de milhões anunciadas e esperadas encolheram. Os caminhoneiros seguiram nas estradas. Dois dias depois das ameaças ao STF, Bolsonaro pediu desculpa ao ministro Alexandre de Moraes numa cartinha redigida pelo ex-presidente Michel Temer.

Não foi uma autocrítica. Foi um recuo forçado. Por várias causas. As principais foram a falta do apoio popular e a negação das Forças Armadas em bancar essa maluca aventura. Mas o plano não foi abandonado. Foi simplesmente adiado para a hipótese bem provável dos eleitores rejeitarem a reeleição de Bolsonaro.

Bolsonaro discursa no evento de lançamento de sua candidatura à reeleição – Foto Reprodução YouTube

No domingo, na convenção do PL no Maracanãzinho, Bolsonaro seguiu todo o script de marqueteiros que lhe foi imposto, mas rasgou a fantasia na fala final. Disse que “os surdos da capa preta”, referindo-se aos ministros do STF devem ouvir a voz do povo. “Convoco todos vocês agora para que todo mundo no 7 de setembro vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez!”.

Última vez do que? Até lá o pacote eleitoreiro de bondades, que realmente pode aliviar o sufoco da miséria, pode ou não dar resultado eleitoral. E se não der? Qual será a aposta dele? Tentar um golpe em plena campanha eleitoral, com o povo assistindo às propagandas e os debates entre os candidatos?

Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes e Simone Tebet

Vai tentar melar o que merece ser a grande festa do bicentenário da independência do Brasil? É preciso um mínimo de juízo. Até se entende o medo de Jair Bolsonaro e de seus filhos de finalmente serem julgados pelos crimes que são acusados. O que não dá para entender é que a vitória de Lula, Ciro Gomes ou Simone Tebet justifiquem uma ruptura da democracia.

Projeto de estádio do Flamengo no Gasômetro, na região do Centro do Rio – Foto Prefeitura do Rio/Cdurp

Bolsonaro é o presidente candidato à reeleição que mais abusa do cargo. Rompe todas as amarras legais. Nunca a máquina pública foi usada de maneira tão escancarada. Ele não tem nenhum limite. Atropela, por exemplo, a Caixa Econômica Federal e manda, à revelia dos estudos técnicos, que ceda o gasômetro do Rio de Janeiro para ser um estádio do Flamengo. Mas o que fazer com o quartel do Exército ao lado? “Que entre no pacote”, determina ao comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes.

É um vale tudo pela reeleição de Bolsonaro. Se fracassar, a opção parece ser melar o jogo.

Tem tudo para dar errado. Mas pode dar certo?

A conferir.

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