Ministro da Defesa agrada Exército, mas causa estranhamento nas outras forças

General Fernando Azevedo e Silva.

A nomeação do general Fernando Azevedo e Silva para o Ministério da Defesa é um aceno do capitão Jair Bolsonaro ao establishment militar, e sobretudo à cúpula do Exército, que tem feito questão de demarcar certa distância em relação ao novo governo. Agora, o atual comandante do Exército, general Villas Boas, que disse em entrevista à Folha de S.Paulo que os militares não estavam voltando ao poder e que Bolsonaro é muito mais um político do que um militar, tem um amigo na chefia da pasta da Defesa.

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Diferentemente do vice Hamilton Mourão e até do general Augusto Heleno, que vai para o GSI, Azevedo faz parte do grupo que hoje comanda o Exército e, antes de se reformar, era o nome preferido do alto comando para suceder Villas Boas na chefia da força. Nessa condição, também chefiou a Autoridade Pública Olímpica nas Olimpíadas do Rio.

Além de ligado a Villas Boas, que o indicou para o atual cargo de assessor do presidente do STF, Fernando Azevedo tem bom trânsito com o Heleno, primeira opção de Bolsonaro para a Defesa, mas que viu seus serviços requisitados para uma função mais próxima do presidente, no Planalto. Ou seja, tem tudo para fazer a ponte entre o novo governo e a alta hierarquia militar, que vê Bolsonaro, um ex-capitão rebelde, com certas reservas. Villas Boas, que deixa o comando do Exército no início do ano, esperava fazer seu sucessor, mas fez mais com a nomeação do chefe de seu sucessor. De quebra, ao nomear um assessor do ministro Dias Toffoli, Bolsonaro faz um gesto de aproximação com o Supremo, onde não é exatamente popular.

A possibilidade de indicar um civil para a Defesa nunca esteve em cogitação no governo Bolsonaro, mas a supremacia do Exército na nova administração deve trazer problemas nas outras forças – até porque se cogitava a nomeação de alguém da Marinha para o posto. “Agora, onde se lê Forças Armadas, leia-se Exército”, diz um observador militar. O entorno do presidente eleito prevê que ele tomará decisões para corrigir esse desequilíbrio, o que pode resultar em nomeações de oficiais da Marinha e da Aeronáutica para outros postos importantes no primeiro escalão.

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